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Informativo GEA

Manejo da água no arroz irrigado
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O arroz (Oryza sativa) é o terceiro cereal mais cultivado no mundo, atrás apenas do trigo e do milho. Os grãos provenientes desta gramínea fazem parte da dieta de mais de 50% da população mundial, inclusive no Brasil, onde compõe a base alimentícia da maior parte dos brasileiros, sendo fonte de carboidratos e vitaminas.

           

De acordo com o Boletim da Safra de Grãos divulgado pela CONAB em Novembro de 2022, a cultura do arroz deve ocupar uma área equivalente a 1,52 milhões de hectares na safra 22/23. Ademais, estima-se que a produção brasileira atinja a marca de 10,6 milhões de toneladas, visto que a produtividade estimada será de 7012 quilogramas por hectare (CONAB, 2022).

 

Dentre as formas de produção de arroz, temos o cultivo em sequeiro e em sistema irrigado, no qual a água é fator essencial para o desenvolvimento das plantas. Para mensurar a quantidade de água demandada para o cultivo de O. sativa irrigado, devem ser levados em conta diversos fatores, dentre eles a evapotranspiração, e percolação, e o possível transbordamento das taipas (talhões em que a cultura é mantida) (SCIVITTARO et al., 2021). No entanto, estima-se que cerca de 2000 L (2 metros cúbicos) de água sejam necessários para produzir 1 kg de grãos.

 

O planejamento de uma lavoura de arroz irrigado passa por diversas etapas, sendo a primeira delas a captação e distribuição da água que pode ser feita por meio da gravidade (quando a fonte de captação encontra-se mais elevada do que os talhões de cultivo) ou por meio mecânico (quando a captação está em um nível inferior ao das taipas). O segundo passo diz respeito à rede de condução da água, que na maioria das vezes é feita por meio de canaletas. Essas canaletas devem, preferencialmente, ter formato trapezoidal, com o intuito de evitar a queda das paredes, o que também está relacionado com o controle de velocidade com que a água percorre seu caminho (TEIXEIRA, s/dt).

 

Em terceiro plano temos o dimensionamento da quantidade necessária dos recursos hídricos, o que irá variar de acordo com o volume demandado para saturação do solo, formação da lâmina d’água, evapotranspiração (ET) e perdas por infiltração e transbordamento lateral. O cálculo de todos esses fatores é essencial para atingir a melhor eficiência da água disponível, sendo que um projeto bem executado pode reduzir a demanda em até 60% do volume total (TEIXEIRA, s/dt).

 

O uso de água de qualidade é extremamente importante para o cultivo desta cultura, visto que a salinidade e a toxicidade causada por certos elementos podem reduzir consideravelmente o rendimento da lavoura. No que diz respeito à salinidade, pode ser mensurada pela condutividade elétrica (CE), não devendo exceder o limite de 0,7 dm/m. Já a toxicidade, está ligada principalmente aos elementos cloro (Cl), boro (B) e aos carbonatos.

 

Tendo sido explicitadas as principais prioridades e limitações no manejo da água, é preciso entender em quais períodos de desenvolvimento do arroz deve ocorrer a inundação e drenagem das taipas. Nos sistemas de plantio em solo seco, a época de início da inundação irá variar conforme a cultivar escolhida, e o herbicida pré-emergente aplicado. No que tange a cultivar, o tamanho do ciclo será o fator mais relevante. Caso o ciclo seja curto, a inundação deve ocorrer por volta do estádio V3 e V4, geralmente de 15 a 20 dias após a emergência das plantas. No caso de uma cultivar de ciclo médio ou longo, a submersão do solo deve ser feita quando a lavoura estiver em V5-V6, cerca de 25 a 30 dias após a emergência (SCIVITTARO et al., 2021).

 

Já o período residual do herbicida pré-emergente propicia que o agricultor realize a inundação até 30 dias após a emergência, visto que a mato-competição será suprimida (o que também é feito pela água). Nos dias de hoje, tem-se observado a tentativa de diminuir o período em que se mantém o solo submerso (geralmente de 80 a 100 dias), visto que a necessidade hídrica aumenta conforme os dias, podendo chegar a 12 mil metros cúbicos de água por hectare ao longo de todo ciclo (SCIVITTARO et al., 2021).

 

A altura da lâmina de água deve variar entre 2,5 e 10 centímetros, visto que valores superiores elevam o consumo hídrico, além de reduzirem o número de perfilhos, estimulando o crescimento dos colmos e possibilitando que haja acamamento. Assim que a cultura atingir os estádios reprodutivos, a lâmina pode ser elevada até 15 cm, por até trinta dias, período no qual irá atuar como regulador térmico em caso de baixas temperaturas.

 

Sabe-se que a inundação pode reduzir em até 10 mil vezes a disponibilidade de oxigênio no solo, então durante a fase vegetativa deve-se manter a lâmina o mais rasa possível - o que é difícil pois exige maior nível de cuidados no nivelamento das taipas - para que o sistema radicular se estabeleça mais vigorosamente, e para que o estiolamento das plantas não ocorra demasiadamente. Atingindo o estádio reprodutivo, pode-se elevar a altura dessa lâmina, o que dependerá da disponibilidade dos recursos hídricos.

 

Após este período, inicia-se o processo de drenagem das taipas (geralmente 10 a 15 dias após a floração das panículas), que devem estar completamente secas em ocasião da maturação total dos grãos e da colheita. Recomenda-se que o sistema de drenagem permaneça ativo durante a entressafra para que problemas de toxicidade relacionados ao ferro sejam evitados. Além disso, a manutenção da área drenada propicia a emergência de plantas daninhas presentes no banco de sementes, que serão controladas por ocasião da primeira inundação (antes do plantio).

 

Em sistemas de plantio em que são utilizadas mudas pré- brotadas, a submersão do solo é mais precoce, iniciando por volta de 20-30 dias antes do plantio, período no qual pode-se realizar o nivelamento. Em ocasião do plantio, a lâmina d’água deve estar entre 5,0 e 7,5 centímetros, podendo ou não ser drenada logo após o estabelecimento da cultura.

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Redigido por:

Recicla-g - João Vítor F. Reale Pereira 

Referências bibliográficas:

ACOMPANHAMENTO DA SAFRA BRASILEIRA: Grãos Safra 2022/23. Embrapa: CONAB, 2022- . Disponível em: https://www.cpt.com.br/calendario-agricola/arroz-manejo-da-agua-em-arroz-irrigado. Acesso em: 1 dez. 2022

SCIVITTARO, Walkyria et al. Cultivo do arroz: Irrigação e drenagem. Embrapa Arroz e Feijão: Embrapa, 28 set. 2021. Disponível em: https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/arroz/producao/sistema-de-cultivo/arroz-irrigado-na-regiao-subtropical/irrigacao-e-drenagem. Acesso em: 1 dez. 2022.

SOSBAI. Arroz Irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil/ Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado; XXXI Reunião da Cultura do Arroz Irrigado.  Bento Gonçalves, RS: SOSBAI, 2016. 200p. il.

TEIXEIRA, Silvana. Arroz: Manejo da água em arroz irrigado. Embrapa, s/dt. Disponível em: https://www.cpt.com.br/calendario-agricola/arroz-manejo-da-agua-em-arroz-irrigado. Acesso em: 1 dez. 2022.

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