Informativo GEA
ESTRATÉGIAS ATUAIS PARA O MANEJO DE
MOSCA-BRANCA
Nos últimos anos, a Mosca-Branca (Bemisia tabaci) tem se tornado uma das
principais pragas do sistema agrícola, isso devido ao seu alto poder de propagação,
atualmente, já é registrada em todos os continentes do globo, e, ainda, por ser uma
praga polífaga, ou seja, ataca diversas culturas de importância econômica, sendo
hospedada de mais de 600 espécies vegetais.(BOSCHIERO,2023)
Figura 1. Distribuição geográfica da Mosca-Branca (13/03/2023)
Fonte: EPPO, 2023
Por mais que seu nome popular seja referente a uma mosca, a B tabaci é da
ordem Hemiptera. (GALLO et al., 2002). O inseto possui desenvolvimento
hemimetábolo, ou seja, possui as fases de ovo, ninfa e adulto, e seu ciclo pode
variar entre 15 a 20 dias. Os adultos possuem de 1 a 2 mm, possuem asas
membranosas e têm coloração amarelo-palha. E, ainda, as fases de ninfa são
subdivididas em 4 instares,sendo a 4º conhecida como “Pupa”. (van Lenteren &
Noldus, 1990).
Figura 2. Ciclo de vida da Mosca-Branca
Fonte: Fonte: Manual de Entomologia, 2022
Figura 3. Identificação da Mosca-Branca no campo
Fonte: Toledo Cal,2022
Em todo o mundo, a mosca branca possui um total de 44 espécies que são
indistinguíveis quanto a sua morfologia, apenas por meio de testes moleculares que
essa distinção ocorre. No Brasil, foram relatadas 3 espécies, que são elas: MEAM1,
ou biótipo B, nome anteriormente dado à espécie, NW, biótipo A, e MED, biótipo Q.
(ALVES,2019)
O ciclo da B. Tabaci sofre total interferência dos fatores abióticos. Em tempos
mais secos e com altas temperaturas, a densidade populacional tende a aumentar.
Isso porque as baixas temperaturas e as chuvas atuam como uma forma de controle
natural da praga. (Hilje, 1995).
Os danos da praga são expressos de duas formas: danos diretos e indiretos.
Os direitos são por meio da sucção de seiva.Já os danos indiretos se dão porque,
ao realizar a sucção de seiva, a praga libera uma substância açucarada,
denominada “ honeydew”, que estimula o desenvolvimento do fungo fumagina e,
ainda, pode transmitir diversos vírus que atacam as plantas e desenvolvem
doenças na mesma,como por exemplo, o vírus do mosaico dourado do feijoeiro, o
vírus do mosaico comum do algodoeiro,geminivírus em tomateiros e a necrose da
haste na soja. (ALVES,2019)
Figura 4. Fumagina em folha de soja
Fonte: Syngenta, 2021
Figura 5. Mosaico-dourado do feijoeiro
Fonte: EMBRAPA,2021
O monitoramento é de grande importância para se realizar um manejo
eficiente contra a praga. O nível de controle varia de acordo com a cultura. No
algodão, quando se tem 60% das plantas com a presença de adultos ou 40% com
ninfas, já se é recomendado o controle. Já na soja, a densidade populacional de
mais de 5 adultos ou ninfas por trifólio já indica uma infestação alta. E, por fim, no
feijão, o recomendo é o controle quando se tem 1 inseto/planta. (EMBRAPA,2009)
Figura 6. Distribuição espacial das fases de desenvolvimento de Bemisia tabaci no dossel de
plantas de algodão, soja e feijão..
Fonte: Revista cultivar,2021
O controle da praga é de extrema importância para o bom desenvolvimento
das culturas. O controle cultural da mosca branca se dá por meio da eliminação de
plantas tigueras, armadilhas adesivas e vazio sanitário, que ocorre por um período
de 30 dias, nas principais regiões produtoras de feijão do Brasil. (CNA,2017)
Figura 7. Período de vazio sanitário para o feijão
Fonte: CNA,2017
O controle químico é o mais utilizado para eliminar a praga no campo, em
estudos divulgados pela UFU em 2023, a associação dos inseticidas acetamiprido +
piriproxifem e dinotefuram + piriproxifem foram os tratamentos que mais obtiveram
resultado para o controle de B. tabaci no feijoeiro.(UFU,2023)
Figura 8. Número médio de adultos (NA) e eficiência (%E) de controle dos tratamentos com
inseticidas para Bemisia tabaci - biótipo MEAM1 em relação à testemunha sem controle aos
7 dias após a primeira aplicação (DDA) e aos 3, 7 e 14 dias após a segunda aplicação
(DAB), Uberlândia, 2021.
Fonte:UFU,2023
Outra alternativa que vem sendo utilizada, é a associação do controle químico
com o uso de inseticidas biológicos, como por exemplo, Beauveria bassiana e Isaria
fumosorosea. Vale ressaltar que, apenas o controle biológico, de forma individual,
não se mostrou eficaz no experimento citado (IGA-GO,2020).
Figura 9 . Média da eficiência de controle de ninfas e de ovos de mosca-branca em todas as
avaliações na cultura do algodoeiro, Montividiu-GO.
Fonte: IGA,2020
Em suma, é nítido que a mosca branca é uma das principais pragas da
agricultura brasileira, portanto, seu controle deve ser realizado de forma eficiente
para se obter altas produtividades na lavoura.
Redigido por:
Rasbula - Luis Fernando Rodelini Silva
Referências bibliográficas:
AGRÍCOLAS, Notícias. Faltam 4 dias para o fim do vazio sanitário do feijão em
Goiás, Distrito Federal e Minas Gerai. 2017. Disponível em:
https://cnabrasil.org.br/noticias/faltam-4-dias-para-o-fim-do-vazio-sanit%C3%A1rio-d
o-feij%C3%A3o-em-goi%C3%A1s-distrito-federal-e-minas-gerais. Acesso em: 27 mar.
2024.
ALVES, Everaldo Batista. Mosca-branca uma praga polífaga e de difícil
controle. 2019. Disponível em:
https://promip.agr.br/mosca-branca-praga-polifaga-dificil-controle/. Acesso em: 28
mar. 2024.
ÁVILA, Crébio José; GRIGOLLI, José Fernando Jurca. Pragas de soja e seu
controle. 2017. BOSCHIERO, Beatriz. Mosca branca (Bemisia tabaci): mais de 600
espécies vegetais sob ataque. Agroadvance, 2023. Disponível em:
https://agroadvance.com.br/blog-mosca-brancabemisia-tabaci-resistencia/. Acesso
em: 28/03/2024
BARROS, Eduardo. EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS NO CONTROLE DE PRAGAS
NA CULTURA DO ALGODOEIRO SAFRA 2019/20. Instituto Goiano de Agricultura,
2020. Disponível em:
https://igago.com.br/images/publicacoes/2020/RESULTADO_FINAL_EFICIENCIA_DE
_INSETICIDAS_NO_
CONTROLE_DE_PRAGAS_NA_CULTURA_DO_ALGODOEIRO_SAFRA_2019.20.pdf .
Acesso em: 28/03/2024
DA SILVA, Bruna Guimarães et al. Controle químico de mosca-branca
(Bemisia tabaci) biotipo B (Hemiptera: Aleyrodidae) na cultura do algodão. Brazilian
Journal of Science, 2023
EMBRAPA. Tecnologia de Produção de Soja – região central do Brasil – 2009.
Londrina: Embrapa Soja: Embrapa Cerrados: Embrapa Agropecuária Oeste, 262p.
2008.
HAJI, Francisca Nemaura Pedrosa; FERREIRA, Rodrigo César Flôres; MOREIRA,
Andréa Nunes. Descrição Morfológica, Aspectos Biológicos, Danos e Importância
Econômica. Petrolina: Embrapa, 2004.
LIMA, André Cunha. Avaliação da eficiência de inseticidas no controle de
mosca-branca BEMISIA TABACI (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE) na cultura do
feijoeiro. 2023. 21 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia) –
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2023.