Informativo GEA
Lavagem de tanque
herbicidas mimetizadores de auxina
Como é possível notar no mercado, novas tecnologias para a cultura da soja têm focado em cultivares tolerantes aos herbicidas mimetizadores de auxina, entre eles o 2,4-D e o dicamba. Esse investimento está sendo feito principalmente para o controle de espécies de plantas daninhas resistentes ao herbicida glifosato, apresentando os auxínicos como solução para o controle dessas daninhas em soja.
Assim como já foi relatado nos EUA, o 2,4-D e principalmente o dicamba, possuem uma alta capacidade de volatilizar e ocasionar a deriva. Dessa forma, com essas tecnologias chegando no Brasil e levando em consideração a maior utilização desses herbicidas, o produtor deverá ter a responsabilidade de fazer a aplicação com muita cautela, seguindo as recomendações dos fabricantes.
Além da utilização de adjuvantes específicos, cuidado com tamanho de gotas, velocidade do vento, umidade relativa do ar, pressão e velocidade de pulverização, o produtor tem o compromisso de fazer uma higienização criteriosa do tanque de pulverização após a aplicação desses produtos. Esse cuidado é necessário uma vez que cultivares convencionais de soja são muito sensíveis aos auxínicos, inclusive em subdoses (abaixo de 5% da dose de bula). Esse descuido, seja resquícios presentes em tanques, filtros ou até bombas, podem acarretar na perda de uma lavoura, trazendo um grande prejuízo ao produtor (SILVA et al. 2018).
Figura 1 - Soja sensível com injúria causada pelo dicamba
Fonte: Grupo Cultivar
Após aplicações com produtos como o dicamba e o 2,4-D, jamais deve ser deixado guardar o pulverizador sem uma higienização. Mesmo que a próxima aplicação seja com o mesmo produto, ele deve passar por uma limpeza mínima, haja vista que pode causar entupimento de bicos e encrostar no fundo do tanque, o que dificultará mais ainda a sua limpeza. Nesse caso de continuar a aplicação posteriormente, o responsável deve encher o tanque de água, ou pelo menos até a metade dele e ligar a bomba para possibilitar a circulação do líquido e diluição do produto. Após isso ele deve conduzir essa água até as barras do pulverizador e, assim, diminuir a concentração do produto no tanque. Quando estacionar esse implemento, ele deve repousar com o tanque, no mínimo, até a metade completa de água (BOLLER; RIZZARDI. 2020).
Figura 2 - Resultados da falta de higienização correta
Fonte: Grupo Cultivar
Já em caso de limpeza do tanque para efetuar uma aplicação com produtos diferentes após a utilização de produtos auxínicos, é necessária uma higienização mais criteriosa. Nesses casos, é recomendada um tríplice lavagem. A primeira lavagem é muito parecida com a já citada no parágrafo anterior, sendo recomendada a movimentação do maquinário em ziguezague e a total drenagem do tanque pela barra (BOLLER; RIZZARDI. 2020).
Já a segunda lavagem é muito importante e é recomendada a inclusão de um produto “limpa tanque”. No caso do 2,4-D, é eficaz a utilização da amônia em concentração de 1% da calda de limpeza. Essa substância promove a elevação do pH da calda e solubiliza os produtos agroquímicos presentes nela, possibilitando a exclusão deles. Assim como na primeira lavagem é recomendado que movimente o maquinário em ziguezague e mantenha a circulação do produto durante 20-30 minutos. Para complementar, o ideal é deixar essa solução (água + amônia) a noite toda no tanque e esvaziar ela apenas no outro dia pela barra de pulverização. Ao final dessa operação pode retirar os filtros e pontas do pulverizador para fazer sua lavagem separadamente, com o mesmo produto (amônia) (BOLLER; RIZZARDI. 2020).
Para finalizar, a terceira lavagem é feita visando eliminar qualquer resquício da solução presente no tanque. O tanque deve ser completado de água e movimentado em ziguezague, de novo, possibilitando a circulação do produto durante 20-30 minutos. Posteriormente, ele deve ser liberado pela barra de pulverização, mas dessa vez, sem a presença dos filtros e pontas na barra (BOLLER; RIZZARDI. 2020).
Ainda é recomendado fazer uma limpeza externa do pulverizador, evitando que o próprio maquinário possa comprometer a lavoura com resquícios do produto. Assim, pode ser remontado os bicos com os respectivos filtros e pontas já lavados (RUAS et al. 2015).
Figura 3 - Limpeza da parte externa do pulverizador.
Fonte: Grupo Cultivar
Dessa forma, a partir da utilização mais frequente de produtos como, dicamba e 2,4-D, é necessário redobrar a atenção no momento, e após a aplicação destes herbicidas, para garantir a segurança das demais lavouras. Essa tríplice lavagem apresentada passou de ser um luxo e se tornou necessária para uma condução segura das lavouras do país (RUAS et al. 2015).
Redigido por:
K-vañaq - Luiz Felipe C. S. Fortes
Buenas - Mariana Ayres Rodrigues
Referências:
BOLLER, Walter; RIZZARDI, Mauro Antonio. Importância da higienização de pulverizadores. Grupo Cultivar. 23, dez. 2020. Disponível em: https://www.grupocultivar.com.br/noticias/importancia-da-higienizacao-de-pulverizadores
RUAS, Renato Adriane Alves; JÚNIOR, João de Deus Godinho; GONTIJO, Guilherme Andrade; JÚNIOR, José Márcio de Souza. Limpeza e descontaminação correta de pulverizadores. Grupo Cultivar. Nov. 2015. Disponível em: https://www.grupocultivar.com.br/artigos/limpeza-e-descontaminacao-correta-de-pulverizadores
SILVA, Diecson Ruy Orsolin da; SILVA, Edson Dalla Nora da; AGUIAR, Adalin Cezar Moraes de; NOVELLO, Bruna Dal´Pizol; SILVA, Álvaro André Alba da; BASSO, Claudir José. 13, nov. 2018. Deriva de 2,4-D e dicamba reduz qualidade de sementes de soja. Equipe Mais Soja. Disponível em: https://maissoja.com.br/deriva-de-2-4-d-e-dicamba-reduz-qualidade-de-sementes-de-soja/