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Informativo GEA

Fatores e processos de formação do solo
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O solo é o resultado da ação integrada e simultânea de organismos e do clima sobre seu material de origem, o qual está localizado em um relevo por um determinado período de tempo. A junção desses elementos: material de origem, organismos, clima, relevo e tempo, constitui os chamados fatores de formação do solo (LIMA; LIMA, 2001).

Além disso, durante seu desenvolvimento, o solo passa por diversos processos de formação, como perdas, transformações, transportes e adições, os quais são responsáveis pela formação de todos os tipos de solos, de diferentes intensidades a depender das variações dos fatores de formação (LIMA; LIMA, 2001).

Figura 1: Fatores de formação do solo.

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Fonte: Lima & Lima.

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Na formação do solo, o fator material de origem refere-se à matéria prima a partir da qual os solos se desenvolvem, podendo ser dividido em dois grandes grupos: as rochas e os sedimentos (PEREIRA et al., 2022).

Uma mesma rocha é capaz de originar solos muito diferentes em função da variação dos outros fatores de formação. Por exemplo, o granito em condições de clima quente e seco resultará em um solo raso e pedregoso, devido a baixa quantidade de chuvas; já em um clima quente e úmido, solos mais profundos, não pedregosos e mais pobres (PEREIRA et al., 2022).

Os nutrientes como cálcio, magnésio, potássio e fósforo provém dos minerais presentes nas rochas, que, ao se decomporem pela ação e intemperismo, liberam-os no solo a fim de serem absorvidos pelas plantas. Desse modo, solos originários de rochas com grande quantidade desses nutrientes podem resultar em solos mais férteis, de modo que solos originários de rochas pobres serão necessariamente de baixa fertilidade (LIMA; LIMA, 2001; PEREIRA et al., 2022).

Os sedimentos, outro grupo de material de origem, são formados a partir da intemperização das rochas e atuação dos processos erosivos, transportados ou depositados ao longo da paisagem (LIMA; LIMA, 2001).

Já em relação ao clima, este fator atua na pedogênese principalmente no que se refere a pluviosidade e temperatura. A água fornecida pelas chuvas, através de reações de hidrólise, é capaz de alterar o material de origem, além de remover os solutos formados a partir dessas reações. Isso acontece quando a água solubiliza os minerais do solo, que então, libera elementos químicos (ex: Ca, Mg, S, K), que poderão ser lixiviados (LIMA; LIMA, 2001). A temperatura, por sua vez, apresenta efeito indireto, de modo que influencia na velocidade das reações químicas e do intemperismo. Desse modo, em regiões de clima frio e temperado, os solos tendem a ser mais jovens, e com teores de carbono orgânico maior. Em climas quentes e úmidos, os solos são mais profundos e intemperizados. Em locais que as taxas de evaporação ultrapassam a precipitação, pode ocorrer formação de solos salinos, além de possibilidade de argilas expansivas que propiciam  rachaduras na superfície e fendas em profundidade (PEREIRA.et al., 2022)

A seguir tem-se o relevo como um importante fator de formação do solo, visto que é responsável pelo controle dos fluxos de água como lixiviação de solutos, atuação dos processo erosivos e condições de drenagem. Em relevos planos, a maior parte da água da chuva se infiltra no solo, favorecendo a formação de solos mais profundos. Entretanto, nesses relevos também é possível a ocorrência de solos rasos, quando a região é muito seca e quantidade de chuvas não é suficiente para a formação de um solo profundo ou quando os solos são desenvolvidos a partir de rochas muito resistentes ao intemperismo. Já, em relevos mais inclinados, há melhores condições para a escorrimento superficial, resultando na erosão e, consequentemente, em solos mais rasos. Áreas em que se pode observar um relevo abaciado, recebem não somente água das chuvas, mas também, proveniente de locais inclinados  favorecendo o aparecimento de várzeas (PEREIRA et al., 2022).

Figura 2: Representação esquemática dos tipos de relevo que ocorrem na paisagem.

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Fonte: Lima & Lima.

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Os organismos atuantes na formação do solo referem-se à fauna e flora do local, tendo uma relação estreita com a temperatura devido à adaptabilidade desse a determinado local. A matéria orgânica adicionada ao solo por resíduos de folhas ou raízes e sua decomposição pela fauna influência na agregação de partículas, no escurecimento do horizonte superficial, na infiltração da água e também na retenção de nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta (LIMA; LIMA, 2001)

Por fim, tem-se o tempo como o último componente dos fatores de formação do solo, entretanto, este não apresenta apenas uma relação cronológica, mas também de maturidade e evolução. É possível observar que em ambientes semi-áridos, com baixa precipitação pluviométrica, mesmo com o material exposto a um longo período, a baixa intensidade de intemperização formará solos jovens, pouco evoluídos. Todavia, em condições de elevada taxa de intemperismo, mesmo com a exposição recente, acarretará a formação de solos maduros e evoluídos  (LIMA; LIMA, 2001; PEREIRA et al., 2022).

Figura 3: Sequência cronológica hipotética de evolução do perfil do solo

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Fonte: Lima & Lima.

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Em se tratando dos processos de formação de solo, pode-se falar da adição, ou seja, tudo que é incorporado ao solo em desenvolvimento, sendo a matéria orgânica o principal constituinte adicionado. Sobre os processos de perdas, estas podem ser em relação a erosão ou lixiviação. A água da chuva solubiliza os minerais do solo, os quais liberam cálcio, magnésio e potássio que são levados para camadas subterrâneas (LIMA; LIMA, 2001; PEREIRA et al., 2022).

As transformações produzem alterações químicas, físicas e biológicas. Sobre as alterações químicas, pode-se enfatizar a transformação dos minerais primários em secundários, sendo as argilas o exemplo mais comum desses. Além disso, as diferentes cores dos solos como vermelhos, amarelos ou vermelho-amarelos são resultados da liberação do ferro pela alteração das rochas (LIMA; LIMA, 2001; PEREIRA et al., 2022).

Por último, pode-se citar o transporte como um processo de formação do solo, que, em decorrência da gravidade e da evapotranspiração, resulta na translocação de materiais orgânicos e minerais para dentro do solo. Essa movimentação pode ser ascendente ou descendente, em que no primeiro caso, em condições de climas com poucas chuvas, elementos químicos como o sódio podem ser levados em solução para a superfície do solo e depositados na forma de sal  (LIMA; LIMA, 2001; PEREIRA et al., 2022).

Sobre as classes de solo de maior expressão no território brasileiro, destacam-se os Latossolos e Argissolos, os quais, juntos, ocupam cerca de 56% do país. Dentre os principais fatores de formação dos Latossolos é possível destacar relevo, clima e tempo, caracterizado pelo intenso intemperismo e elevada profundidade, ocorrendo principalmente nos pontos mais altos do relevo, que associado a pequenas declividade, propicia uma boa infiltração e drenagem. Como consequência da boa umidade do solo, intensificam-se as reações de hidrólise, responsável pela transformação de minerais e resultando na predominância de quartzo na fração areia e caulinita e óxidos de ferro e alumínio na fração argila. Além disso, as boas condições de drenagem resultam na lixiviação de alguns nutrientes. Essa combinação dos fatores relevo, clima e tempo juntamente com os múltiplos processos de transformação e perda caracterizam o processo de ferralitização, principal atuante na formação dos Latossolos (PEREIRA et al., 2022).

Segundo Pereira et al. (2022), os principais fatores de formação dos Argissolos são clima e relevo, evidenciando um aumento no teor de argila em profundidade e ocorrência em terços médios e superiores da paisagem em condições de relevo ondulado a levemente ondulado.

Regiões de declive suave e boa drenagem favorecem o processo de translocação da argila de horizontes superficiais para horizontes subsuperficiais, caracterizando o processo chamado eluviação/iluviação, responsável pelo aumento absoluto de argila em profundidade. Como em locais de maior declividade o processo de escoamento superficial é elevado levando a perda de partículas de argilas dos horizontes superficiais por erosão, caracterizando, assim, a elutriação, ou seja, o aumento relativo o teor de argila em profundidade (PEREIRA et al., 2022).

Em relação aos Latossolos, mais de um terço dos solos brasileiros correspondem a essa classe, apresentando avançado desenvolvimento pedogenético. Os minerais como caulinita e oxihidróxidos de Fe e Al, como hematita, goethita e gibbsita, são predominantes nesses solos por serem mais resistentes ao intemperismo. Devido a seus variados graus de cristalinidade e cargas variáveis, podem influenciar nas propriedades físicas e químicas dos solos, como a CTC, exemplo (MIELKI, 2014).

Figura 4: Latossolo altamente desenvolvido

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Fonte: Embrapa

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Nesse caso, os óxidos de Fe e Al, juntamente com substâncias húmicas e argilas minerais 1:1, possuem determinada superfície de troca, responsável pela capacidade de troca de cátions. Desse modo, os óxidos de ferro se relacionam também com a adsorção de poluentes (metais pesados) do solo e a fixação de fósforo, o que faz com fique indisponível para as plantas (RONQUIN, 2010).

Ainda nesse sentido, o avançado intemperismo, por resultar em maiores teores de hidrogênio e alumínio no complexo de troca e, assim, na solução, resultando em maior acidez, o que explica em parte um dos processos que originam a acidez do solo (RONQUIN, 2010).

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Redigido por:

C-quéla - Otavio Ferreira

Pipeta - Amanda Beckers

Referências:

LIMA, Valmiqui Costa; LIMA, Marcelo Ricardo de. FORMAÇÃO DO SOLO. 2001. Disponível em: http://www.mrlima.agrarias.ufpr.br/SEB/arquivos/formacao_solo.pdf. Acesso em: 8 abr. 2022.

MIELKI, Guilherme Furlan. Disponibilidade de ferro em solos tropicais e sua absorção pela planta. 2014. Disponível em: https://www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/6548/1/texto%20completo.pdf. Acesso em: 10 abr. 2022.

PEREIRA, Marcos Gervasio et al. CAPÍTULO 1: formação e caracterização de solos. FORMAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE SOLOS. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/202369/1/Formacao-e-caracterizacao-de-solos-2019.pdf. Acesso em: 8 abr. 2022.

RONQUIN, Carlos Cesar - Conceitos de fertilidade do solo e manejo adequado para as regiões tropicais - Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2010. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/31004/1/BPD-8.pdf

Acesso em: 10 abr. 2022.

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