Informativo GEA

Novidades na calagem e na gessagem

O avanço em larga escala da agricultura no Cerrado brasileiro somente foi possível pelo uso de corretivos de solo. Nesse sentido, compreender a dinâmica de atuação, reação e utilidade da correção é de suma importância para estabelecermos critérios de análise, juntamente com os avanços tecnológicos, proporcionando inovações no cenário.

O calcário é o corretivo agrícola mais utilizado. Seu consumo em 2023 foi de 61,6 milhões de toneladas, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), havendo um aumento de 8,4% ante o ano de 2022. Seus constituintes que garantem esse poder corretivo são o carbonato de cálcio (CaCO3) e o carbonato de magnésio (MgCO3) que, em meio aquoso, irão se dissociar, promovendo a liberação de hidroxilas (OH-), Ca2+ and Mg2+. Além disso, os calcários são classificados quanto ao seu teor de MgO em: calcítico, com menos de 5% de MgO; magnesiano, com 5% a 12% de MgO; e dolomítico, com mais de 12% de MgO (PRIMAVESI, 2004).

Figura 1: Dinâmica do calcário no solo

Fonte: Agromove.

Figura 2: Correções de tipos acidez feitas no solo

Fonte: Agromove.

Já o gesso agrícola não se enquadra como um agente corretivo de acidez, mas é fonte de cálcio e enxofre, atuando também como condicionador de subsuperfície. (CHINELATO, 2018). Quando dissociado, inicialmente, Ca2+ e SO42- atuam como fertilizantes, o restante, cerca de 70%, não dissociado, é lixiviado e atua na subsuperfície (VITTI, 2016).

Figura 3: Reação do gesso no solo.

Fonte: Agromove.

Figura 4: Dinâmica do gesso no solo (ação de condicionador de subsuperfície).

Fonte: Agromove.

Com isso, resume-se às ações benéficas da gessagem: efeito fertilizante com liberação de cálcio e enxofre na superfície, disponibilização de cálcio em

subsuperfície e inativação (por meio da precipitação) do alumínio tóxico (SGARBIERO; VALE; VITTI, 2019).

Ao verificar a utilização desses corretivos, percebe-se a busca por maximizar suas aplicações, isto é, garantir com que a ação de correção seja feita com máximo potencial, garantindo uma boa produtividade juntamente com a lucratividade. A vista disso, o uso de tecnologias, como a aplicação em taxas variáveis (ATV) está se tornando uma realidade no cotidiano rural (RIBEIRO, 2022).

Figura 5: Necessidade real de insumo obtida a partir de um mapeamento de solo.

Fonte: Sensix.

Posto isso, a aplicação de corretivos em taxa variável baseia-se na amostragem da área do grid, ou grade, definida de acordo com o nível de detalhamento desejado. São utilizadas grades de 1 a 5 hectares, na prática muitos produtores utilizam de 3 a 5, da qual são necessários 10 a 12 subamostras para conter uma amostra (PINTO, 2016).

Desse modo, unindo a teoria com a prática, pode-se fazer o uso do lançamento da Stara, o equipamento Bruttus. Um implemento que possui sistema de distribuição por gravidade, localizando-se a 1,25m do solo, isso garante uma minimização das perdas do corretivo pelo vento. Além disso, ele consegue realizar aplicação em taxa variável, de acordo com os mapas de distribuição, arquivos em configuração Shapefile (formato de arquivo contendo dados geoespaciais). Ademais, tal equipamento possui desligamento de sessão, evitando sobreposição e garantindo economia de insumo (SCHLOSSER, 2022).

Figura 6: Bruttus 25000 durante a aplicação de calcário.

Fonte: Cultivar.

Por outro lado, mesmo com todas as recomendações de corretivos agrícolas, os cálculos matemáticos subestimam a real necessidade de aplicação de doses de calcário nas lavouras, de acordo com Silvino Guimarães Moreira (2019). Diante disso, estudos realizados em Nazareno, Minas Gerais evidenciaram que as fórmulas utilizadas para a recomendação de corretivos, como a calagem, subestimam a real necessidade do insumo.

Pesquisas apresentadas no Congresso Brasileiro de Ciência do Solo mostram que as doses de calcário em diversos experimentos realizados no MT e MG deveriam ser reajustadas em 50% a 100% para que dessa forma o V% estimado seja realmente alcançado no campo (MOREIRA, 2019).

A gessagem também está sofrendo novos estudos sobre as doses desse insumo recomendadas pelas fórmulas atuais. Diante disso, ensaios realizados em latossolos sob sistema de plantio direto na região sul do Brasil evidenciaram que as maiores produtividades foram alcançadas quando a saturação de cálcio na CTC efetiva na camada de 20-40 cm foi em torno de 60% (COSTA, 2023).

Isso evidencia a importância do cálcio em subsuperfície para estimular o crescimento das raízes da cultura, proporcionando maior área para a planta absorver água e nutrientes, aumentando a produtividade. A nova fórmula baseia-se na elevação da saturação por cálcio na CTC efetiva para 60% (COSTA, 2023).

Figura 7: Nova fórmula de gessagem proposta por Caires e Guimarães.

Fonte: Aegro.

Os estudos apontaram que a fórmula baseada no teor de argila (este método desconsidera os fatores relacionados à natureza da argila no solo) recomendava uma aplicação de gesso igual a 0,85 t/ha, enquanto a nova fórmula, proposta pelos autores Caires e Guimarães, seria de 6 t/ha (COSTA, 2023).

Figura 8: Efeitos na produtividade de soja e milho após aplicação da dosagem de gesso recomendada pela nova fórmula proposta.

Fonte: GAPE.

Redigido por: Baitá-k - Marcos Moschetta Zimmermann Bok-xêa - Vitor Ferrari Sia

Referências bibliográficas:
COSTA, Rodolfo Fagundes. Como fazer o cálculo de gessagem: métodos recomendados e as novas pesquisas. 2023. Disponível em: https://blog.aegro.com.br/calculo-de-gessagem/. Acesso em: 06 ago. 2024.

MOREIRA, Silvino Guimarães. Uso do calcário é subestimado nas lavouras de MT, alertam especialistas. 2019. Disponível em: https://calcariosolofertil.com.br/ola-mundo/. Acesso em: 06 ago. 2024.

PINTO, Cristiane Andrade. Amostragem de solo em grade. 2016. Disponível em: https://www.3rlab.com.br/amostragem-de-solo-em-grade/. Acesso em: 06 ago. 2024.

PRIMAVESI, Ana Cândida; PRIMAVESI, Odo. Características dos corretivos agrícolas. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2004.

RIBEIRO, Carlos. Taxa variável: sua importância para a agricultura. 2022. Disponível em: https://blog.sensix.ag/taxa-variavel-conheca-a-importancia-para-a-agricultura-brasilei ra/. Acesso em: 06 ago. 2024.

SCHLOSSER, José Fernando. Test drive Bruttus 12000, o distribuidor de fertilizantes sólidos da Stara. 2022. Disponível em: https://revistacultivar.com.br/artigos/test-drive-bruttus-12000-o-distribuidor-de-fertiliza ntes-solidos-da-stara. Acesso em: 06 ago. 2024.

SGARBIERO, Eduardo; VALE, Fabio; VITTI, Godofredo Cesar. Práticas para correção dos solos (calagem e gessagem) fertilizantes com macro e micronutrientes utilizados na nutrição das culturas. 02. ed. Itápolis: Adubai e Vittagro, 2019.