Informativo GEA
Calcário agrícola
Os solos brasileiros, em sua maioria, possuem baixo pH, por isso durante o preparo de solo podem ser aplicados os corretivos de acidez, os quais são capazes de diminuir essa acidez e ainda levar nutrientes ao solo, principalmente cálcio e magnésio, como no caso do calcário.
A acidez do solo ocorre devido a presença de H+ livres gerados por componentes ácidos presentes no solo, como matéria orgânica, argila e óxidos de ferro ou alumínio. Essa neutralização do H+ deve ser feita pelo ânion OH-, o qual provém dos corretivos de acidez, já que esses são componentes básicos.
Além disso, o pH afeta fortemente a disponibilidade de alguns nutrientes no solo, fazendo com que, em certas faixas de pH, determinados nutrientes tornem-se mais ou menos disponíveis às plantas, como é possível analisar com a observação do gráfico abaixo.
Figura 1- Gráfico da disponibilidade de nutrientes em função do pH
Fonte: Malavolta, 1979.
O calcário é um corretivo de acidez do solo obtido a partir da moagem da rocha calcária. Seus constituintes são o carbonato de cálcio (CaCO3) e carbonato de magnésio (MgCO3). Além disso, os calcários são classificados em função do teor de MgO, sendo que: o calcário calcítico possui até 5% deste, o calcário magnesiano, entre 5 a 12% deste, e o dolomítico, mais de 12%.
Figura 2 - Rocha calcária
Fonte: Pena, s.d.
Figura 3 - Aplicação de calcário
Fonte: AgroPós
O calcário possui sua ação no solo a partir de reação química a seguir, observada na figura 4.
Figura 4 - Reação do calcário agrícola
Fonte: Pavinato, s.d.
Desse modo pode-se observar que a reação de correção ocorre a partir da liberação do carbonato, o qual, consequentemente, libera duas hidroxilas, as quais reagem com o H+ livre no solo e o alumínio, que nesse último processo forma hidróxido de alumínio.
Além da elevação do pH do solo, o calcário tem como objetivos: reduzir a solubilidade de alumínio, resultando na diminuição de toxicidade das plantas por esse elemento; fornecer cálcio e magnésio e aumentar a disponibilidade de alguns nutrientes como fósforo, molibdênio, enxofre, entre outros. Entretanto, quando aplicado em doses muito elevadas pode diminuir a disponibilidade de micronutrientes metálicos como cobre e zinco. Por isso, é interessante realizar alguns cálculos para a aplicação de quantidades precisas do corretivo na área. Atualmente podem ser utilizados três métodos a fim de determinar a necessidade de calcário, sendo que um dos mais utilizados no Cerrado brasileiro e nos estados de São Paulo e Paraná é baseado na saturação de bases (V%):
NC= CTC (V1-V2) / PRNT (t/ha)
Em que:
CTC= Capacidade de troca catiônica (cmolc/dm³)
V1= Saturação em bases atual
V2= Saturação em bases desejada
PRNT= Poder relativo de neutralização total → Característico de cada calcário
Como se pode observar o PRNT é uma característica de cada calcário e depende do poder de neutralização (PN) e reatividade deste (RE), sendo que:
PRNT= PN. RE / 100
O poder de neutralização (PN), também chamado de equivalente em carbonato de cálcio, refere-se a capacidade de neutralização de ácidos pelo calcário, o qual pode ser calculado em função do teores de CaO e MgO:
PN= Eq.CaCO3= %CaO x 1,79 + %MgO x 2,48
Portanto, sabe-se que quanto maior PN de um calcário, maior sua capacidade de neutralizar ácidos.
A reatividade (RE) é medida em função da granulometria e sua porcentagem refere-se ao percentual do corretivo que reagirá em 3 meses.
Tabela 1 - Reatividade das partículas de diferentes tamanhos dos calcários.
Fonte: Pavinato, s.d.
Logo, a reatividade é calculada pela fórmula:
RE(%)= (0,2 x P10-20) + (0,6 x P20-50) + (1,0 x P50)
Em que:
P10= % que passou na peneira 10
P20= % que passou na peneira 20
P50= % que passou na peneira 50.
Desta maneira, é possível observar que o PRNT revela o potencial da pureza que exerce sua ação num período de três meses.
Por fim, é possível concluir que o calcário agrícola é uma importante ferramenta de correção da acidez dos solos brasileiros e sua aplicação correta resulta em uma melhor qualidade do solo para o desenvolvimento de plantas.
Redigido por:
π-p-ta - Amanda Pelicer Beckers
Referências bibliográficas:
ALCARDE, J.C.. CORRETIVOS DA ACIDEZ DOS SOLOS: características e interpretações técnicas. CARACTERÍSTICAS E INTERPRETAÇÕES TÉCNICAS. 2005. Disponível em: http://anda.org.br/wp-content/uploads/2019/03/boletim_06.pdf. Acesso em: 2 ago. 2022.
PAVINATO, Paulo Sergio. CORRETIVOS DO SOLO - USO EFICIENTE E EFEITOS NA PRODUÇÃO. Piracicaba: Esalq, 2020. 52 slides, color.