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Crotalária como planta de cobertura
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As plantas de cobertura têm a finalidade de cobrir o solo, protegendo-o contra os processos erosivos e a lixiviação de nutrientes, porém, não se limita a isso, já que muitas são usadas para pastejo, produção de grãos, sementes, silagem, feno e como fornecedoras de palha para o sistema de plantio direto. Tão importante quanto a parte aérea das plantas de cobertura, são as raízes das mesmas tendo em vista que auxiliam no processo de descompactação do solo. Os efeitos das raízes na produtividade agrícola ainda são pouco reconhecidos, embora sua importância na construção do perfil do solo seja conhecida (LAMAS ET AL, 2017).

Além de contribuírem para a melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo, as plantas de coberturas apresentam inúmeros outros benefícios como a ciclagem de nutrientes e a incorporação de nitrogênio atmosférico, o que leva a um aumento no teor de matéria orgânica no solo, melhoria na infiltração de água e retenção de água no solo (CERRI ET AL., 2007).

Diante do exposto, a crotalária vem se destacando no cenário nacional como planta de cobertura, já que está sendo cada vez mais utilizada nos últimos anos devido ao oferecimento de benefícios. Dentre eles, vale destacar o controle de algumas plantas daninhas, doenças, nematóides e pragas, beneficiando diretamente as culturas sucessoras.

Visto isso, ela apresenta excelência no controle dos nematóides do solo e na fixação biológica de nitrogênio, reduzindo a necessidade de aplicação de fertilizantes nitrogenados (DOURADO, C., 2001). A grande produção de massa verde, faz da mesma uma excelente planta para cobertura do solo, para produção de matéria orgânica e para o controle natural das plantas daninhas.

Segundo o pesquisador da Embrapa Agrobiologia, Ednaldo Araújo, a Crotalária juncea realiza uma taxa média de fixação de nitrogênio de 67% do total de N fixado, equivalente a 28 kg de N por hectare. Ademais, ela é capaz de reduzir em até 80% dos nematóides presentes no solo.

 

A crotalária pertence à família Fabaceae, caracterizada por um ciclo anual e um  crescimento acelerado; além de raízes pivotantes responsáveis por descompactar o solo. Como uma espécie de dia curto, ela deve ser semeada cedo, a fim de aumentar o potencial de produção de biomassa. Outrossim, ela dispõe de quatro principais espécies, a Crotalária spectabilis, C. juncea, C. urochroleuca e C. breviflora. 

A Crotalária spectabilis é um adubo verde rotineiramente inserido pelos agricultores nos sistemas de produção de grãos e fibras, visando o controle de fitonematoides com uma ótima tolerância aos nematóides Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus (SILVA ET AL, 2019). Ela manifesta boa adaptação a ambientes tropicais, capacidade de produção de biomassa superior a 6 toneladas por hectare e possui um porte de até 1,5 metro.

Outro fato importante é que a Crotalária spectabilis é a mais suscetível ao mofo-branco, doença causada pelo fungo Sclerontinia sclerotiorum, cujos escleródios podem contaminar lotes de sementes, infectar plantas de soja, algodão, feijão e várias outras culturas, comprometendo a produtividade de todas elas.

 

Por ser sensível ao fotoperíodo, quando cultivada fora da época indicada, ela tem seu crescimento vegetativo reduzido, o que diminui a produção de matéria seca  (FERREIRA ET AL., 2007). Em condições normais a capacidade produtiva de massa seca é de até 6 ton/ha e sua fixação de nitrogênio é de até 120kg/ha.

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Fonte: CIBFar-USP

Já a Crotalária juncea é caracterizada por um rápido crescimento inicial, podendo atingir até 3 metros de altura. Sua tolerância à seca, faz dela uma boa opção para ser utilizada em ambientes com menor disponibilidade hídrica. Além disso, possui baixa capacidade de rebrote, de forma que facilita a implantação da cultura em sucessão (ERASMO ET. AL., 2016).

Cabe mencionar que a Crotalaria ochroleuca é uma má hospedeira de  M. incognita; não hospedeira e má hospedeira de R. reniformis, além disso suas raízes podem chegar até 0,6m de profundidade. Junto a isso, essa crotalária é a que apresenta a maior fixação de nitrogênio podendo chegar até 450 kg/ha e sua produção de matéria seca é de até 15 ton/ha.

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Fonte: Embrapa

A Crotalaria ochroleuca por sua vez, pode atingir até 2m de altura, sendo uma espécie rústica, capaz de desenvolver-se em solos com baixo teor de umidade e matéria orgânica. Apresenta um rápido crescimento de raízes, atingindo profundas camadas, também é capaz de reter as suas folhas durante a entressafra no cerrado brasileiro, colaborando com a sua tolerância ao stress hídrico (BORGES W., 2014).


Além disso, vale lembrar que a mesma apresenta alta tolerância,assim como a Crotalaria spectabilis, aos nematóides Meloydogine incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus. Cabe evidenciar que sua fixação de nitrogênio pode alcançar até 300 kg/ha e sua produção de massa seca é de até 10 ton/ha.

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Fonte: Embrapa

Por fim, a Crotalária breviflora, muito utilizada nas entrelinhas do café, apresenta, diferentemente das demais, um porte menor de 0,6 até 1,1 m e alta taxa de fixação biológica de nitrogênio. Com crescimento rápido, ciclo curto e adaptabilidade ao clima tropical e subtropical, desenvolve-se bem tanto em solos argilosos quanto em solos arenosos e é considerada uma planta de outono e inverno.

 

Juntamente a isso, destaca-se por não ser hospedeira de Meloidogyne incognita e Rotylenchulus reniformis (ASMUS; GRIGOLLI, 2014). Apresenta produção de matéria seca que pode chegar até 5 ton/ha e fixação de nitrogênio podendo alcançar até 160 kg/ha.Além disso, vale lembrar que a mesma apresenta alta tolerância,assim como a Crotalaria spectabilis, aos nematóides Meloydogine incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus. Cabe evidenciar que sua fixação de nitrogênio pode alcançar até 300 kg/ha e sua produção de massa seca é de até 10 ton/ha.

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Fonte: Piraí Sementes

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Vale elucidar que Luís Armando Zago Machado, pesquisador da Embrapa, comprovou que o consórcio de gramíneas forrageiras com crotalárias, resulta em um acréscimo de 20% na produtividade da soja no Mato Grosso do Sul. A crotalária aumenta a produção de palha, possibilita o pastejo em sistemas integrados e ainda produz biomassa. Essa biomassa apresenta relevância quanto a qualidade e qualidade, podendo contribuir com mais de 2 toneladas por hectare em cem dias, o que resultou em mais de 7 mil quilos por hectare na safrinha (R. GARCIA, 2022).

A Crotalária também pode ser consorciada com o milho, possibilitando um adequado desenvolvimento e colheita do mesmo. Sua semeadura deve ocorrer nas entrelinhas, no estádio V4 do milho, após aplicação de herbicida seletivo, devido a dificuldade de manejo de daninhas de folhas largas nesse consórcio (RAGOZO ET AL., 2006). Já com a cana, a Crotalária é uma opção na renovação dos canaviais, beneficiando onde será posteriormente replantado.

Foram iniciados estudos a fim de evidenciar a viabilidade de aplicação de reguladores de crescimento na Crotalária. O experimento concluiu que a aplicação via foliar de etil-trinexapac e paclobutrazol, reduziu a altura das plantas, enquanto a de cloreto de mepiquat e paclobutrazol, aumentou o número de vagens e sementes. Entretanto, essa prática não alterou a população das plantas nem o número de sementes por vagem. (C. KAPPES, 2011).

Por conseguinte, o uso da crotalária como planta de cobertura vem se mostrando, a cada dia que passa, uma excelente alternativa devido a sua ampla gama de benefícios como a descompactação do solo, produção de biomassa, ciclagem de nutrientes, fixação biológica de nitrogênio e também no controle de nematoides.

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Redigido por:

Mimos - Nathália Tanno Milanez

Marisko - Aécio Mussashi Toyoda

Referências bibliográficas:

ASMUS, Guilherme Lafourcade; GRIGOLLI, José Fernando Jurca. Manejo de nematóides na cultura da soja. 2014. Embrapa. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/985986/manejo-de-nematoides-na-cultura-da-soja. Acesso em: 05 ago. 2023.

 

BORGES, W. L. B.; FREITAS, R. S.; MATEUS, G. P.; SA, M. E.; ALVES, M. C. Supressão de plantas daninhas utilizando plantas de cobertura do solo. Planta Daninha, Viçosa, MG, v. 32, n. 4, p. 755–763, out./dez. 2014. 

 

CARVALHO, A. M. de; SOUZA, L. L. P. de; GUIMARÃES JÚNIOR, R.; ALVES, P. C. A. C.; VIVALDI, L. J. Cover plants with potential use for crop-livestock integrated systems in the Cerrado region. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 46, n. 10, p. 1200–1205, out. 2011. 

 

CUBILLA, M.; REINERT, D. J.; AITA, C.; REICHERT, J. M. Plantas de cobertura do solo: uma alternativa para aliviar a compactação em sistema plantio direto. Revista Plantio Direto, Passo Fundo, n. 71, p. 29–32, set./out. 2002.
 

DOURADO, M. C.; SILVA, T. R. B.; BOLONHEZI, A. C. Matéria seca e produçăo de grăos de Crotalaria juncea L. submetida à poda e adubaçăo fosfatada. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 58, n. 2, p. 287-293, 2001.

ERASMO, E. A. L. et al. Potencial de espécies utilizadas como adubo verde no manejo integrado de plantas daninhas. Planta Daninha, Viçosa, MG, v. 22, n. 3, p. 337-342, 2004.

 

FERREIRA, A. C. de B.; LAMAS, F. M.; CARVALHO, M. da C. S.; BARBOSA, K. de A.; TEOBALDO, A. da S. Avaliação de coberturas vegetais semeadas na primavera e suas influências sobre o algodoeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DO ALGODÃO, 6., 2007, Uberlândia. Resumos... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2007. p. 1–5.

 

FAVERO, C. et al. Modificaçăo na populaçăo de plantas espontâneas na presença de adubos verdes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 36, n. 11, p. 1355-1362, 2001.

FERREIRA, Alexandre Cunha de Barcellos et al. Sistemas de Cultivo de Plantas de Cobertura para a Semeadura Direta do Algodoeiro: comunicado técnico 377. Comunicado técnico 377. 2016. EMBRAPA. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1066067/sistemas-de-cultivo-de-plantas-de-cobertura-para-a-semeadura-direta-do-algodoeiro. Acesso em: 08 ago. 2023.

KAPPES, C. Utilizações e benefícios da crotalária na agricultura. Revista Panorama Rural, Ribeirăo Preto, n. 147, p. 16-17, 2011.

RAGOZO, C. R. A.; LEONEL, S.; CROCCI, A. J. Adubação verde em pomar cítrico. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 28 (1): 69-72, 2006

SILVA, C. C. da et al. Resumos do III Encontro de Ciência e Tecnologias Agrossustentávies e da VIII Jornada Científica da Embrapa Agrossilvipastoril. 2019. EMBRAPA. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1119738/seletividade-de-herbicidas-aplicados-em-pre-emergencia-em-crotalaria-spectabilis---estudo-de-campo. Acesso em: 05 ago. 2023.

VIEIRA, E. L.; CASTRO, P. R. C. Ação de bioestimulante na germinação de sementes, vigor das plântulas, crescimento radicular e produtividade de soja. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, DF, v. 23, n. 2, p. 222-228, 2001.

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