Informativo GEA
Florescimento na cultura do café
O Brasil é o maior produtor (1/3 da produção mundial) e exportador de café no mundo e ocupa a segunda colocação entre os principais países consumidores da bebida. Segundo dados da Conab (Companhia nacional de abastecimento) a estimativa é de que o Brasil tenha 50,38 milhões de sacas de café beneficiado na safra 2022, ficando assim com uma média de 27,4 sc/ha. No entanto, alguns fatores como nutrição e doenças podem levar produtores a imensuráveis prejuízos em produtividade e qualidade de grãos.
A cafeicultura brasileira é uma das mais exigentes e produtivas no mundo, tornando o cultivo do café um verdadeiro desafio nas lavouras do cafeicultor do Brasil (MAPA, 2020). Em vista disso, o uso intrínseco de tecnologias, manejo de solo, adubação e um bom controle da florada é essencial para o manejo de altas produtividades em uma lavoura.
Importância de um bom florescimento
A fase de floração na cafeicultura é de importância enorme para o desenvolvimento da cultura , uma vez que durante a florada é que se define a produtividade de uma safra (CAMPO & NEGÓCIOS, 2019). Obter um pegamento de florada (flores que resultaram em frutos) e uma maior uniformidade de florada são dois dos principais aspectos a serem observados para a obtenção de resultados nessa fase.
Fisiologia do florescimento
Para garantir uma boa atividade cafeeira, é necessário o conhecimento técnico da fisiologia e da fenologia do café, tendo em vista que esse florescimento acontecerá com uma junção de fatores, desde a combinação da ação de fito-hormônios, até as condições de ambiente que o café está situado, como a temperatura, a radiação solar, o foto período e recursos hídricos (STOLLER, 2021).
A fenologia de florescimento se inicia com o aparecimento dos botões florais, que nada mais são que a diferenciação das gemas florais, determinado pelo fotoperíodo de dias curtos, ou seja, precisarão de mais horas de escuro para realizar tal diferenciação. O crescimento desses botões se cessam ao chegar de 6 - 8 mm, onde será necessário um período de seca seguido de chuva, e retomarão seu rápido crescimento após essas condições. Essa condição é ditada pela relação entre o ácido giberélico, regulado pela abundância hídrica e promovedor do crescimento, e o ácido abscísico, regulado pelo déficit hídrico e inibidor do crescimento (MATIELLO et al., 2020).
Figura 1 - Surgimento e desenvolvimento dos botões florais
Fonte: STOLLER, 2021
O período entre fevereiro e junho é decisivo para a o estabelecimento de altas produtividades no café, visto que nessa época ocorre a diferenciação floral, momento caracterizado pela antese (abertura das flores) no estádio R6 (MATIELLO et al., 2020). O florescimento é dado devido às características da planta em ser autógoma, ou seja, reproduzir-se predominantemente por autofecundação (STOLLER, 2021).
Figura 2 - Florescimento do café após a pré-florada.
Fonte: STOLLER, 2021
No entanto, o produtor deve-se atentar aos ramos plagiotrópicos produtivos do ano safra, visto que o florescimento e frutificação dependem da porção do ramo que cresceu e amadureceu no ano anterior, sendo essencial a prática de podas para o máximo rendimento produtivo (MATIELLO et al., 2020).
Proteção da florada
Conforme já citado anteriormente, a fase de florada dos cafezais é uma fase que exige extremo cuidado e olhares bem atentos dos produtores e responsáveis técnicos, quanto a isso foi desenvolvido ao longo do tempo o termo “proteção de florada” que nada mais é do que proteger as flores de quaisquer fatores negativos que possam vir a afetar o pegamento da florada, como por exemplo nutrição e as doenças,como por exemplo Mancha aureolada (Pseudomonas syringae), Cercosporiose (Mycosphaerella coffeicola), sendo principalmente hoje a Mancha de Phoma (Phoma costaricensis), doença essa que pode ocasionar desfolha, necrose de ramos ou rosetas, ocasionando em queda de botões florais, queda indireta de flores, mumificação e consequente queda dos chumbinhos. (VASCONCELOS, 2019).
Figura 3 - Chumbinhos com mumificação.
Fonte: Vicente Luiz de Carvalho/Epamig
Visando alguns possíveis prejuízos de doenças como a Phoma é que costuma realizar as proteções de florada, sendo essa atividade dividida de duas formas:
Aplicação pré-florada
A aplicação pré-florada consiste em adotar manejos com fungicidas no momento em que as flores ainda não se abriram, no entanto deve-se atentar para que não seja tão próximo do momento em que a flor irá se abrir pois devido a fragilidade dessa a pressão dos atomizadores pode acabar derrubando a flor. Outro ponto importante é que os fungicidas utilizados no manejo de pré-florada sejam sistêmicos, uma vez que a flor ainda estará fechada e logo que ela se abrir ela funcionará como porta de entrada para patógenos.
Alguns exemplos do que tem sido usado de maneira mais efetiva nessa fase são alguns fungicidas à base de ingredientes ativos como triazóis, estrobilurinas, boscalida e carboxamidas (BAPTISTELLA, 2019).
Figura 4 - Flores em pré-florada poucos antes da abertura
Fonte: Arquivo de João Vitor Ribeiro, 2022
Aplicação pós-florada
O pós florescimento da planta de café se dá a partir do momento em que aquelas flores que estavam abertas, elas secam e acabam caindo de forma natural deixando assim o que é conhecido como os chumbinhos, é nessa fase é que costuma-se realizar uma segunda aplicação visando dessa vez a proteção do chumbinho que consequentemente irá levar a um desenvolvimento saudável do fruto até a sua maturação. Já nessa aplicação alguns produtores optam por fungicidas de contato principalmente os hidróxidos de cobre e oxicloretos de cobre.
Figura 5 - Chumbinhos em pós-florada.
Fonte: Arquivo de João Vitor Ribeiro, 2022
Figura 6 - Flores secas prestes a caírem.
Fonte: Arquivo de João Vitor Ribeiro, 2022
Redigido por:
Inboskda - João Victor Campos Ribeiro
Meliãt - João Vitor Furlan
Referências bibliográficas:
BAPTISTELLA, João Leonardo Corte. Florada do café: cuide bem das flores e colha bons frutos. cuide bem das flores e colha bons frutos. 2019. Disponível em: https://blog.aegro.com.br/florada-do-cafe/. Acesso em: 07 out. 2022.
CAMPO & NEGÓCIOS. Protegendo a florada do café, os frutos aparecem. 2019. Disponível em: https://revistacampoenegocios.com.br/protegendo-a-florada-do-cafe-os-frutos-aparecem/. Acesso em: 08 out. 2022.
CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira de café, Brasília, DF, v.9 safra 2022, n. 3, setembro 2022
MATIELLO, J. B. et al. Cultura de café no Brasil. Varginha: Fundação Procafe, 2020.
STOLLER. Florescimento do café: entenda esse período. Disponível em: https://www.stoller.com.br/florescimento-do-cafeeiro-entenda-este-periodo/. Acesso em: 07 out.2022.
VASCONCELOS, Victor Augusto Maia. ADUBAÇÃO FOLIAR, ETILFOSFONATO DE COBRE E FUNGICIDAS NO MANEJO DA MANCHA DE PHOMA DO CAFEEIRO. 2019. 68 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Agronomia, Fitopatologia, Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2019. Disponível em: http://repositorio.ufla.br/bitstream/1/42046/2/DISSERTA%c3%87%c3%83O_Aduba%c3%a7%c3%a3o%20foliar%2c%20etilfosfonato%20de%20cobre%20e%20fungicidas%20no%20manejo%20da%20mancha%20de%20phoma%20do%20cafeeiro.pdf. Acesso em: 08 out. 2022.