top of page

Informativo GEA

Fungicidas Multissítios - Mancozeb

Com o aumento de pressão de doenças fúngicas sobre as culturas agrícolas, o uso de fungicidas se intensificou de maneira expressiva. Concomitantemente, ocorre uma elevação nos casos de resistência de patógenos por ação de fungicidas de sítios-específicos. A atuação de fungicidas multissítios, vem ganhando pluralidade, tanto no seu uso, como no seu registro, graças a sua ampla capacidade de atuação e inibição em diferentes pontos do metabolismo dos fungos (MARQUES, 2020). Desta forma, a necessidade de rotação de princípios ativos, juntamente com o uso de fungicidas multissítios, denominados também de protetores, tem a capacidade de preservar a vida útil da molécula de fungicida e impedir a seleção de organismo resistentes em uma dada população (ZACARIAS, 2018).

Segundo Maladosso (2020), multissítios recebem tal nomenclatura devido à falta de conhecimento do local exato de atuação, em razão de, causarem um colapso generalizado na célula fúngica. Estes fungicidas atuam em diferentes organelas, causando problemas na síntese de lipídeos, de proteínas, na respiração, síntese energética e até mesmo na transcrição de DNA.

O surgimento da classe ditiocarbamatos e a evolução da molécula foi a responsável pela imersão do mancozeb na indústria de fungicidas para a agricultura. A primeira molécula de ditiocarbamato foi registrada em 1934, com alta eficiência no tratamento de sementes, mas baixa ação na aplicação foliar. A evolução da molécula possuiu inúmeros marcos, contudo, todos a fim de proporcionar maior atividade e estabilidade a molécula. A adição de sulfato de zinco proporcionou maior estabilidade e funcionalidade ao produto, gerando um composto conhecido como etilenobisditiocarbamato de zinco (zineb), na mistura de tanque. Conseguinte, a descoberta do etilenobisditiocarbamato de manganês (maneb), apresentou maior eficiência que qualquer outro ditiocarbamato e em 1962, houve a complexação do zineb + maneb, formulando assim o mancozeb (BALARDIN et al., 2017).

A utilização de fungicidas, apesar de estarem relacionados a grande capacidade de controle de patógenos, possuem diversos outros efeitos na planta, como o estresse oxidativo e a eficiência fotossintética, representados pela intenção da planta de eliminar compostos supostamente tóxicos a elas (MARQUES, 2017).

Neste sentido, inibidores do ergosterol, são um exemplo de produtos que causam um estresse na planta, levando a produção de espécies reativas de oxigênio, causando assim os sintomas de fitotoxicidade por fungicidas.        A sua associação com o mancozeb é altamente benéfica, levando a liberação principalmente de manganês e zinco provenientes da degradação de sua própria molécula, estimulando a produção de enzimas antioxidantes, como a superóxido desmutase e catalase, além de causar um “efeito verde”, proporcionada pelo manganês no sistema clorofila (MALADOSSO, 2020).

O mancozeb, fungicida de contato, de baixa solubilidade em água, necessita da decomposição, que pode ocorrer por inúmeros fatores ambientais, tais como água, luz e oxigênio. Estes, por sua vez, podem gerar subprodutos verdadeiramente tóxicos aos fungos, sendo também reconhecidos como pró-fungicidas, uma vez que sua molécula básica não é tóxica. Desta maneira a decomposição biológica dos EBDCs (etilenobisditiocarbamato), pode levar a formação de etileno bistiouram dissulfeto (ETD), etileno diisocianato (EDI), etilenotiouréia (ETU), etileno diamina (EDA), etilenouréia (EU) e 2-imidazolina, interferindo no metabolismo fúngico (BALARDIN et al., 2017).

Por fim, percebe-se a importância de utilização de fungicidas multissítios, juntamente com outros de sítios-específicos. Isso pode ser justificado tanto pelo efeito antiestresse nas plantas, assim como pelo papel de dificultar a seleção de patógenos resistentes, devido ao, colapso generalizado em diversos pontos do metabolismo de fungos das classes dos oomicetos, basidiomicetos, ascomicetos, e, a algumas bactérias (SANTOS, 2018).

Redigido por: 

André Portella Gazmenga

José Gabriel Ribeiro

Referências: 

MINUTO Manfil - Como age o multissítio Mancozeb - Parte 1. Roteiro: Prof° Dr° Marcelo G. Madalosso. [S.I]: Indofil Brasil, 2020. Son., color. Legendado. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hT71_D93Eso&t=18s. Acesso em: 11 abr. 2021.

MINUTO Manfil - Como age o multissítio Mancozeb - Parte 2. Roteiro: Prof° Dr° Marcelo G. Madalosso. [S.I]: Indofil Brasil, 2020. Son., color. Legendado. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hT71_D93Eso&t=18s. Acesso em: 11 abr. 2021.

MINUTO Manfil - Como age o multissítio Mancozeb - Parte 3. Roteiro: Prof° Dr° Marcelo G. Madalosso. [S.I]: Indofil Brasil, 2020. Son., color. Legendado. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hT71_D93Eso&t=18s. Acesso em: 11 abr. 2021.

MARQUES, Leandro N.. Fungicidas multissítios são aliados do produtor. Ijuí: Equipe Mais Soja, 2020. Disponível em: https://maissoja.com.br/fungicidas-multissitios-sao-aliados-do-produtor/. Acesso em: 11 abr. 2021.

ZACARIAS, N. Sensibilidade de duas populações de Phakopsora pachyrhizi aos fungicidas monissítios e multissítios. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia) – Instituto de Ciências Agrarias, Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, p. 29. 2018.

BALARDIN, R. et al. Mancozebe: Muito além de um fungicida. 1 ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.

PÉREZ, D. Fórmula estrutural do mancozebe (etileno bis-ditiocarbamato de manganês e zinco). ResearchGate, 2011. Disponível em: <https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Formula-estrutural-do-mancozebe-etileno-bis-ditiocarbamato-de-manganes-e-zinco_fig1_262586137>. Acesso em 12 abr. 2021.

MARQUES, L. Mancozebe associado ao patossistema Phakopsora pachyrhizi × Glycine max: respostas fisiológicas das plantas. Tese (Doutorado em Agronomia) – Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, p. 101. 2017.

SANTOS, H. Mancozebe, multissítio e resistência. Slideshare, 2018. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/GeagraUFG/mancozebe-multisstio-e-resistncia#:~:text=Mancozebe%20%EF%82%97Comercializado%20em%20mais,Ditiocarbamatos%3B%20%EF%82%97Subclasse%3A%20Etilenobisditiocarbamato>. Acesso em 12 abr. 2021.

Fonte: (MARQUES, 2020).

Figura 1 - Princípios ativos dos multissítios

Figura 2 - Atuação dos fungicidas a nível de organela

Fonte: Fonte: (Balardin et al., 2017).

rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png
Imagem1.png
Imagem2.png

Figura 3 - Molécula de Mancozeb

Fonte: (Pérez, 2011).

Imagem3.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png

Universidade de São Paulo | Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"

 

Av. Pádua Dias, 11 - Cx. Postal 9 - Piracicaba - SP
CEP 13418-900 - TEL: +55 (19) 3429-4194

 

  • Grey LinkedIn Icon
bottom of page