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Informativo GEA

Heterodera glycines
 na cultura da soja

Fitonematoides são animais pertencentes ao filo Nematoda, caracterizados como vermes cilíndricos e microscópicos. Possuem um estilete bucal típico como principal característica morfológica cujas funções são de ingestão de alimento oriundo das células vegetais além da injeção de substâncias tóxicas.  São parasitas apenas de plantas, cujo ataque pode resultar em danos diretos e indiretos (FERRAZ, L.C.C.B.; BROWN, D.J.F).  Dentre as principais espécies responsáveis por danos significativos às culturas, além de resultar em perdas econômicas, encontram-se as dos gêneros Meloidogyne spp., Heterodera spp., Pratylenchus spp. e Rotylenchulus spp., as quais podem ser classificadas como migradoras ou sedentárias (DIAS, 2010).

Assim, são considerados inimigos invisíveis das plantas, visto que atacam o sistema radicular das plantas confundindo o diagnostico dos produtores, provocam sintomas que podem ser confundidos com outras pragas e patógenos, além de possuírem um tamanho microscópico com difícil visualização (FERRAZ, L.C.C.B.; BROWN, D.J.F). Com relação à sua importância econômica, o prejuízo causado por esses animais corresponde a 10,6% das perdas globais às culturas agrícolas com prejuízos de US$ 100 bilhões anuais, além disso, são responsáveis por um prejuízo de cerca de R$ 16,5 bilhões para a soja brasileira (DALL’AGNOL, 2020).

Dentre as culturas de interesse agrícola, a soja é a principal cultura hospedeira do Heterodera glycines, o qual foi identificado pela primeira vez no Brasil na safra de 1991/92 e atualmente está presente em milhões de hectares no país (SILVA, 2019). Com relação ao seu desenvolvimento, condições ótimas são classificadas por temperaturas entre 23 e 28°C, visto que seu crescimento é cessado em condições de temperaturas inferiores ou superiores. Além disso, é capaz de sobreviver por 6 meses sob temperaturas de até -24°C. Vale também ressaltar que pode permanecer no solo em diapausa por 6 a 8 anos. São observadas de 3 a 6 geração por ano, além de possuírem como hospedeiros a soja, o feijoeiro e algumas outras leguminosas (GRIGOLLI; GRIGOLLI, 2018). É importante ressaltar que culturas como arroz, sorgo, algodão, milho e cana-de-açúcar, ou seja, a grande maioria das espécies cultivadas, são resistentes ao NCS (ARIEIRA, 2012).

Com relação ao ciclo de vida do nematoide, pode variar de 21 a 24 dias, com 4 ecdises, de forma que a infestação das raízes ocorre na segunda fase do período juvenil (J2), de forma que eclodem e saem do cisto, invadindo as raízes alocando-se próximas ao cilindro central e em posição paralela ao eixo central. Dessa maneira, as fêmeas adquirem formato de limão de forma gradativa e posteriormente rompem o córtex das raízes permanecendo apenas a região anterior presa aos tecidos vegetais (ARIEIRA, 2012).

Após a fertilização das fêmeas, estas armazenam seus ovos no interior do seu corpo, posteriormente morrem e adquirem coloração marrom e se transformam em uma estrutura rígida e de proteção conhecidas como cistos, os quais abrigam entre 200 e 500 ovos (ARIEIRA, 2012).

Esses cistos são liberados no solo após a degeneração das partes vegetais que haviam sido infectadas, de forma que os nematoides na segunda fase do período juvenil e que haviam se desenvolvido em tais estruturas são soltos no solo. É importante ressaltar que esses nematoides livres podem sobreviver por até um ano sem se alimentar (ARIEIRA, 2012).

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Figura 1 - Ciclo de vida do Heterodera glycines

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Fonte: Agrolink

A partir do ataque e penetração do nematoide no sistema radicular das plantas sua absorção de água e nutrientes se torna bastante reduzida, assim, os sintomas podem ser caracterizados como uma clorose na parte aérea e porte reduzido, de forma que também é conhecido como nanismo amarelo da soja. Dessa forma, em alguns casos, pode ocorrer a morte das plantas, entretanto, em condições de solo com alta fertilidade, os sintomas na parte aérea podem não se manifestar, se tornando necessária a análise do sistema radicular (GRIGOLLI; GRIGOLLI, 2018).

Ainda sobre os sintomas, estes geralmente têm início em locais próximos a carreadores, estradas e em reboleiras. Isso ocorre devido ao fato de sua disseminação ocorrer primordialmente pelo deslocamento de solo contaminado, dessa forma, sementes com partículas de solo, implementos agrícolas, água, vento e até pássaros que ingeriram cistos podem disseminar o H. glycines (GRIGOLLI; GRIGOLLI, 2018).

Figura 2 - Reboleira causada por Heterodera glycines

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Fonte: Lavoura10

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Com relação ao controle, a erradicação do H. glycines é considerada praticamente impossível, de forma que os produtores devem conviver com tal espécie. A rotação de culturas com plantas que não são hospedeiras, além de se utilizar cultivares de soja resistentes constituem as principais estratégias (DIAS, 2010).

Cultivares com resistência genética constituem a estratégia com boa aceitação do produtor bem como a mais econômica. Atualmente, já foram encontradas 11 raças da espécie (1, 2, 3, 4, 5, 4+, 5, 6, 9, 10, 14 e 14+) e é importante ressaltar que, devido a reprodução desses nematoides por anfimixia (fecundação cruzada), tal resistência genética não deve ser a única opção adotada, evitando assim que a pressão de seleção possa desenvolver novas raças, visto que tal variabilidade contribui para a diminuição da vida útil dos cultivares. Como alternativa, a fim de evitar tal pressão de seleção, a semeadura de cultivares de soja resistentes, culturas não hospedeiras e cultivares suscetíveis constituem uma das opções (DIAS, 2010).

Figura 3 - Mapeamento das raças de H. glycines no Brasil

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Fonte: Embrapa

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Ainda de acordo com os cultivares com resistência, no Brasil, a maioria é adequada apenas para as raças 1 e 3, além de não existirem materiais com boa adaptabilidade à totalidade das regiões de cultivo. Tais materiais também são majoritariamente de ciclo longo, o que não condiz com as estratégias adotadas pelos produtores para o manejo da ferrugem asiática com materiais de ciclo mais precoce (DIAS, 2010).

A rotação com plantas não hospedeiras também corresponde a uma alternativa bastante viável, entretanto, ela não deve ser substituída pela sucessão de culturas bem como por culturas não hospedeiras apenas na entressafra, a qual não mostrou ser uma boa opção para o manejo (DIAS, 2010).

Figura 4 - Suscetibilidade de culturas a diferentes tipos de nematoides

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Fonte: Embrapa

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Redigido por:

Aterro - Fábio van de Groes Swart

Jô - Etori Veronezi 

Referências:

DALL’AGNOL, Amélio. Nematoides: um problema subestimado na soja. Londrina: Embrapa Soja, 2020.

ARIEIRA, Giovani de Oliveira. Nematoide de cistos da soja - Heterodera glycines. Londrina: Nematologia Brasil, 2012.

GRIGOLLI, José Fernando Jurca; GRIGOLLI, Mirian Maristela Kubota. Manejo de nematoides na cultura da soja. Maracaju: Fundação MS, 2018.

DIAS, Waldir Pereira. Nematóides em Soja: Identificação e Controle. Londrina: Embrapa, 2010.

SILVA, Evelise Martins da. Nematoide de cisto: Como afeta sua lavoura e o que fazer para se livrar dele. Santa Maria: Aegro, 2019.

Nematologia de plantas: fundamentos e importância. L.C.C.B. Ferraz e D.J.F. Brown (Orgs.). Manaus: NORMA EDITORA, 2016.

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