top of page

Informativo GEA

Produção de milho semente
rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png

A semente é o material que concede ao produtor todo o potencial genético da planta. Durante a evolução do desenvolvimento da semente, pequenas quantidades são multiplicadas até que se atinjam volumes de escala comercial, no entanto, durante esse processo a qualidade das sementes está sujeita a uma série de fatores que são capazes de provocar prejuízos no potencial genético. A minimização dessas perdas junto com boa produtividade é o objetivo de um bom programa de produção de sementes (PESKE; ROSENTHAL; ROSENTAL, 2006).

 

Primariamente, é válido ressaltar que o milho é uma planta alógama, ou seja, para o sucesso da reprodução são necessários dois gametas advindos de sexos opostos (polinização cruzada). As flores masculinas e femininas são separadas na mesma planta. As flores estaminadas (masculinas) nascem no pendão, enquanto as flores pistiladas (femininas) surgem nas espigas (DARRAH; MCMULLEN; ZUBER et al., 2019).

Antes mesmo do plantio o produtor deve-se preocupar com alguns fatores antes de dar início a produção de sementes de milho. Deve ter o conhecimento do histórico da área, o que envolve o regime de chuvas, espécies ou cultivares produzidos anteriormente, as plantas daninhas mais frequentes, problemas locais com pragas, doenças e nematóides, problemas de fertilidade, erosão e etc. Tendo coletado essa série de informações, é preciso se prevenir de tudo que pode causar danos da pureza varietal e genética da semente (PESKE; ROSENTHAL; ROSENTAL, 2006). O produtor deve considerar em seu planejamento também uma distância mínima de 200 metros entre lavouras de cultivares diferentes ou de lavouras comerciais (VOGT, 2008).

Tratando-se de uma planta alógama, algumas estratégias de plantio são utilizadas visando plantar as “linhas masculinas” primeiro e depois realizar o plantio das “linhas femininas”. O número de linhas masculinas normalmente varia de uma a duas, enquanto as femininas variam de quatro a oito. Na Figura 1 pode-se observar alguns exemplos de disposição de semeadura (ZANCANARO, 2013; DARRAH; MCMULLEN; ZUBER et al., 2019).

Figura 1: Métodos de disposição de linhas "machos" e "fêmeas" no plantio do milho.

rodado_do_trator-removebg-preview.png

(Fonte: Zancanaro, 2013.)

rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png

Figura 2: Plantio de duas linhas masculinas e duas linhas femininas

(Fonte: Zancanaro, 2013.)

Figura 3: Disposição de quatro linhas "fêmeas" e duas linhas "machos".

rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png

Em relação ao tempo de plantio das linhas é necessário que haja sincronismo na maturação da flor feminina (boneca) com a da flor masculina (pendão), por isso é preciso que uma das linhas seja semeada posteriormente à outra. Esse período é determinado a partir da quantidade de graus dias necessários para o florescimento (PESKE; ROSENTHAL; ROSENTAL, 2006).

Outra etapa de extrema importância é o despendoamento. Ela ocorre com a finalidade de garantir que o cruzamento seja praticamente exclusivo das linhas “machos” com as linhas “fêmeas”, e para isso é necessário remover o pendão das “fêmeas”. Trata-se de uma tarefa difícil que consiste em retirar o pendão da planta antes que ocorra a liberação do pólen e sem danificar as demais estruturas do vegetal. Os campos para produção de semente que apresentarem mais de 1% de seus talhões liberando pólen devem ser descartados, e assim que o pendão aponta entre as folhas, o produtor tem 48 horas para removê-lo (PESKE; ROSENTHAL; ROSENTAL, 2006).

Atualmente essa operação pode ser realizada de maneira maunal, em que os pendões são arrancados para fora do “cartucho”, ou assim que despontarem. O colaborador deve segurar a extremidade da planta com uma das mãos, puxando-a com firmeza para cima (Figura 4) (ZANCANARO, 2013).

rodado_do_trator-removebg-preview.png

Figura 4: Colaboradores realizando o despendoamento manual das "fêmeas".

(Fonte: Zancanaro, 2013.)

Além do despendoamento manual também existe o método mecânico, que consiste em dois tipos de maquinários: os cortadores, com uma lâmina ou faca rotativa que cortam ou rasgam a extremidade da planta incluindo o pendão, e os puxadores, que normalmente são dois rolos ou rodas, com ajuste de altura, os quais apertam e puxam para cima a extremidade da planta (Figura 5) (ZANCANARO, 2013).

rodado_do_trator-removebg-preview.png

(Fonte: Zancanaro, 2013.)

rodado_do_trator-removebg-preview.png

Figura 5: Despendoador rotativo de milho.

rodado_do_trator-removebg-preview.png

(Fonte: Zancanaro, 2013.)

Por fim, após garantir o cruzamento entre as linhas, tem-se a colheita das espigas. O ponto ideal para colheita do milho semente é no ponto de maturação fisiológica (PMF), ou seja, quando o grão não absorve mais nutrientes da planta. O PMF pode ser constatado quando há o aparecimento de uma camada negra na região placental da semente (Figura 6). Nesse momento, o milho apresenta cerca de 28% a 35% de umidade.

Figura 6: Ponto de Maturação Fisiológica da semente de milho.

rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png

(Fonte: Santos, 2019.)

A colheita inicia-se, geralmente, pelas linhas “machos” a fim de evitar problemas com mistura. É possível também realizar o corte dessas linhas após o período de polinização. Em um terceiro caso, em que realizamos a colheita de ambas as linhas, é preciso fazer a seleção de espigas, haja vista que as espigas do macho e da fêmea apresentarão diferenças morfológicas (PESKE; ROSENTHAL; ROSENTAL, 2006).

Vale ressaltar que todo milho voltado para produção de semente é colhido na espiga. Após a colheita, as espigas são transportadas até a moega, onde serão depositadas em uma esteira sem fim e, posteriormente, haverá o início dos processos de despalhamento das espigas, seleção manual e secagem. Após atingida a umidade ideal as sementes passam pela debulhadora, limpeza, classificação, tratamento químico e por fim ensacamento (DARRAH; MCMULLEN; ZUBER et al., 2019; ZANCANARO, 2013).

Por fim, a cultura do milho apresenta grande importância econômica para o Brasil, e o país assegura grandes programas de melhoramento genético que são cruciais para aumento de produtividade e sustentabilidade da agricultura. Para esse desenvolvimento é essencial que a produção de sementes siga as normas e os manejos corretos a fim de garantir uma boa sanidade vegetal e uma variabilidade genética dos híbridos produzidos nacionalmente.

rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png

Redigido por:

Recicla-G - João Vitor Reale

bottom of page