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Informativo GEA

Reguladores de crescimento na soja
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De acordo com o oitavo levantamento realizado pela CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) em Maio de 2023, a safra brasileira de soja bateu recordes em área plantada e em produção. Segundo a companhia, estima-se que 43.834,4 mil hectares do grão foram cultivados em todo país, resultando em uma produção de 154.810,7 mil toneladas. Conforme o mesmo boletim técnico, a produtividade média 2022/23 será de 3.532 kg/ha.

Ao verificar a evolução da produtividade ano a ano, percebe-se um aumento considerável. No ano de 2006 a CONAB indicou uma média produtiva de 2.820 kg/ha, ou seja, 712 quilogramas (11,86 sacos) a menos do que aponta o dado atual (CONAB), o que evidencia evolução do sistema produtivo.

Esta evolução pode ser atrelada a diversos fatores, seja ao melhoramento genético das cultivares utilizadas, maior investimento em fertilidade do solo e em pacotes fitossanitários mais completos, melhor detecção e tratamento direcionado conforme as variabilidades espaciais, avanços no âmbito da mecanização, e diversos outros fatores.

A junção destes avanços têm buscado uma melhor arquitetura de plantas, potencializando um maior número de vagens e grãos por planta, em indivíduos com menor estatura (com o intuito de evitar o acampamento e de potencializar a chegada de luz nos terços médio e inferior das plantas). A arquitetura das plantas diz respeito ao número e comprimento de entrenós, de ramificações na haste principal, IAF atingível e outras características que afetarão, sobretudo, na interceptação da luz ao longo do dossel, na incidência de doenças no baixeiro, e consequentemente na produtividade (BUENO, s/dt.).

Ainda assim, algumas medidas mais incisivas podem ser adotadas para alcançar a arquitetura das plantas almejada, sendo o uso de reguladores de crescimento uma delas. Estes reguladores são geralmente mimetizadores de hormônios vegetais, ou herbicidas (utilizados em subdoses), visando conter o crescimento vertical das plantas, e estimular o engalhamento.

No que diz respeito ao uso de mimetizadores de hormônios vegetais, podemos destacar aqueles que interferem na rota sintética e no balanço das giberelinas. Este hormônio vegetal funciona como regulador da divisão e alongamento das células (TAKAHASHI et al., 1988), pois eleva a extensibilidade da parede celular, estimulando o crescimento vegetal. De acordo com Hertwig (1992) a utilização de inibidores da síntese de giberelina podem aumentar o número de vagens por área, além de elevar a grossura dos caules, e torná-los menores em comprimento. As folhas do vegetal também são afetadas pela redução deste hormônio, tendendo a se tornar mais curtas, largas e horizontais. Em alguns casos específicos, caso se tenha o objetivo de alongar os entrenós da planta de soja, produtos à base de giberelina podem ser empregados. Isso é feito, por exemplo, em cultivares de soja que tendem a apresentar a altura de inserção da primeira vagem muito próxima ao solo, muitas vezes ocasionando a perda deste primeiro fruto no processo de colheita mecanizada.

Outra opção hormonal empregada na manipulação da arquitetura vegetal da soja são os indutores da produção de etileno, como o Etefom. Sua utilização pode reduzir o comprimento de entrenós, entre outras aplicações (FOLONI et al., 2016).

Por fim, uma terceira alternativa seria o emprego de herbicidas em subdoses - ou seja, em dosagens capazes apenas de retardar o crescimento vegetal, sem o objetivo de gerar a senescência e morte da planta. Os herbicidas mais empregados com essa finalidade são aqueles à base dos ingredientes ativos Lactofem (Inibidor da Protox) e 2,4-D (Mimetizador de auxina). Os grandes empecilhos do uso destes químicos como fitorreguladores são a ausência de indicação de doses nas bulas, visto que os produtos não são registrados com esta finalidade, e as variadas respostas que podem ocorrer a depender da cultivar de soja (genótipo) e do ambiente em que ela estará submetida (FOLONI et al., 2016).

Sendo assim, pode ser que a aplicação resulte nos efeitos positivos esperados, ou pode ser que ocorram estresses oxidativos fortes, que causem perdas de produtividade significativas na lavoura. De acordo com Cataneo et al. (2005) as reações oxidativas na planta, popularmente conhecidas como “fitotoxidez”, que geram o descoramento da clorofila e degradação de membranas podem ser ocasionadas pelos herbicidas utilizados em doses inadequadas ou em situações adversas, portanto devem ser evitadas. É fato que os vegetais possuem mecanismos de “defesa antioxidante", exemplo disso é a enzima Supeóxido dismutase (SOD) que atua convertendo espécies reativas de oxigênio (EROS) em formas não prejudiciais, que não causarão a peroxidação de membranas lipídicas (CATANEO et al., 2005) e por isso também existem relatos de sucesso no uso destes produtos, sem que tenha havido prejuízos produtivos.

Em um experimento realizado por Foloni et al. (2016) para testar a ação e mensurar as respostas de diferentes fitorreguladores, foram avaliadas as reações de três diferentes cultivares de soja submetidas à aplicação de Lactofem e Etefom na fase vegetativa. Com o intuito de verificar as respostas em diferentes condições ambientais, o experimento foi conduzido em duas localidades: Londrina e Ponta Grossa. Os tratamentos também foram divididos entre diferentes populações, uma reduzida (220 mil plantas por hectare) e uma elevada (330 mil plantas por hectare) para estimular diferentes níveis de estiolamento. O Lactofem foi utilizado na proporção de 180 gramas de ingrediente ativo por hectare, enquanto o Etefom foi aplicado em doses de 108 gramas i.a./ha, ambos em estágio V6.

A avaliação das parcelas foi feita no estádio R8 de desenvolvimento, em que a altura final, o número de ramos, avaliação visual do acamamento e a produtividade foram os aspectos medidos. Os resultados mostraram que o Lactofem reduziu o porte das plantas em relação ao tratamento controle em todos os locais e populações, enquanto o Etefom obteve este efeito somente em um caso. No experimento situado em Londrina, o Etefom reduziu a ramificação de uma das cultivares, enquanto o Lactofem estimulou. Uma das cultivares testadas não apresentou nenhum tipo de resposta em relação a este quesito (engalhamento). Já em Ponta Grossa, o Etefom aumentou o número de ramos de duas das três cultivares, e o Lactofem contribuiu para a formação de mais ramos em apenas uma. A terceira das cultivares não sofreu influência em relação ao tratamento controle. Ambos os fitorreguladores obtiveram sucesso na redução do acamamento, tendo sido o Lactofem o tratamento de maior resposta. No entanto, todas as parcelas tratadas com os reguladores tiveram decréscimos de produtividade. O experimento também evidenciou as diferenças de susceptibilidade aos fitorreguladores em razão da cultivar e das condições edafoclimáticas do local de cultivo.

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Tabela 1: Altura de planta (ALT), número de ramos/planta (RAM), acamamento (ACAM), estande final (ESTF), massa de 100 grãos (100G) e produtividade (PROD) de cultivares de soja em razão do estande inicial de plantas e da aplicação dos reguladores de crescimento lactofem e etefom no estádio V6 da cultura, em Londrina/PR e Ponta Grossa/PR na safra 2014/15.

Fonte: FOLONI, J. S. S. et al. (2016)

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Ao consultar outros artigos científicos que procuraram avaliar a eficácia de cada um destes métodos nos deparamos com resultados inconclusivos. Isso ocorre uma vez que, ao tentar manipular a arquitetura das plantas de soja com um mesmo tratamento em diferentes ocasiões, os diferentes experimentos obtiveram respostas completamente distintas, em que, ou o objetivo de reduzir o porte das plantas foi concluído sem prejudicar a produtividade, ou a arquitetura não foi afetada e a produtividade sofreu decréscimos. Conclui-se, portanto, que o sucesso no uso de reguladores de crescimento na soja demanda um grande conhecimento da cultivar utilizada, bem como das particularidades do sistema de produção, e o tema ainda carece de informações técnicas para cada ocasião.

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Redigido por:

Recicla-G - João Vitor Reale

Referências bibliográficas:

AHRENS, W.H. Herbicide handbook. 7 ed.Champaign: WSSA, 1994.352p.

 

BOLETIM de Safra: Acompanhamento da Safra brasileira grãos. 8. ed. CONAB: CONAB, 15 maio 2023. Disponível em: file:///C:/Users/acer/Downloads/E-book_ BoletimZdeZSafrasZ-Z8oZlevantamento_1.pdf. Acesso em: 24 maio 2023.

 

BUENO, Deyvid. Arquitetura vegetal: Engalhamento e a produtividade em soja. Agrotecnico, 2023. Disponível em: https://www.agrotecnico.com.br /engalhameno-em-soja/. Acesso em: 24 maio 2023.

 

CATANEO, Ana Catarina et al. Atividade de superóxido dismutase em plantas de soja (Glycine max L.) cultivadas sob estresse oxidativo causado por herbicida. Revista Brasileira de Herbicidas, v. 4, n. 2, p. 23-31, 2005.

 

HESS, F.D. Review Light – dependent herbicides: an overview. Weed Sci., v.48, n.2,

p.160-70, 2000.

 

FOLONI, J. S. S. et al. Lactofem e etefom como reguladores de crescimento de cultivares de soja. 2016.

 

LINZMEYER JUNIOR, Rodolfo et al. Influência de retardante vegetal e densidades de plantas sobre o crescimento, acamamento e produtividade da soja. Acta Scientiarum. Agronomy, v. 30, p. 373-379, 2008.

 

MEROTTO Jr., A.; VIDAL, R.A. Herbicidas inibidores de PROTOX. In: Vidal, R.A.,

Merotto Jr., A. Herbicidologia. Porto Alegre, 2001. cap. 8, p.69-86, 2001.

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