A semeadura de plantas de cobertura vem sendo uma estratégia bastante utilizada em regiões produtoras de grãos no Brasil, principalmente no Cerrado brasileiro no plantio safrinha. Normalmente, essas plantas são gramíneas (Família Poaceae) como o milheto (Pennisetum americanum), Aveia e principalmente braquiária ruziziensis (Urochloa ruziziensis).

​

As plantas de cobertura são, na grande maioria das vezes, mais rústicas que as culturas de interesse da safrinha, como o milho, sendo bastante utilizadas caso o produtor se atrase na janela de plantio do milho. Apesar da maior rusticidade, uma boa oferta de água no início do ciclo das plantas de cobertura (como a braquiária ruziziensis, por exemplo) também é importante para seu estabelecimento, então para aumentar seu desenvolvimento, o seu plantio pode ser feito com a cultura da safra em campo ainda, técnica chamada de sobressemeadura.

​

A sobressemeadura, no caso da soja x braquiária, funciona da seguinte forma: o plantio das sementes leves da braquiária é feito a lanço enquanto a soja começa a desfolhar. Em seguida, com as sementes já no solo, as desfolha se intensifica e começa a cair sobre o solo, cobrindo a semente e retendo a água do solo junto à semente, fato este que auxilia na sua germinação e emergência. O momento ideal para a operação é no estádio R7 (PACHECO et al., 2013), na qual a altura de corte da soja ainda é mais alta que a altura braquiária atingiu.

​

Há algumas maneiras de realizar a operação: pode-se fazer a sobressemeadura adaptando caixas distribuidoras de sementes na barra do pulverizador, uma vez que este é alto, o que não causa amassamento da soja, bem como tem grande capacidade de plantio, pois possui de 20 até a 40m de largura geralmente. Facilitando para o produtor, há empresas que criaram pulverizadores que possuem um sistema distribuidor de sementes também, como o Imperador 3.0 da Stara. Pode-se, também, acoplar distribuidores a lanço na parte da frente do trator, que realizarão o plantio a lanço, como visto pelo grupo GEA durante a Expedição Cerrado 2018 em Ipameri-GO. Outra forma de realizar a sobressemeadura é utilizando aviões agrícolas, que possuem capacidade de plantar 500 ha/dia facilmente (SEWELL, 2010), sendo um dos meios mais utilizados.

​

Durante seu ciclo, essas plantas de coberturas tem a função de evitar a exposição da área, protegendo-o tanto da luminosidade solar quanto de erosões, e aumentar a infiltração de água, devido ao fato das gramíneas possuírem um sistema radicular altamente agressivo, criando microporos no solo (CORREA, 2008). Outras vantagens aparecem após o corte, como a renovação da palhada na área. Essa palhada auxiliará na manutenção da umidade, na inibição do desenvolvimento de patógenos de solo e evitará a germinação do banco de sementes (MENDES, 2018). Além disso, sua decomposição servirá como adubação verde, aumentando a retenção e os teores de nutrientes no solo. Por todos esses motivos, e ainda possuir baixo custo e alta rusticidade (menor risco ao produtor), a braquiária vem sendo uma das gramíneas mais utilizadas nesses manejos.

​

Referências:

​

CORREA, N. M; DURIGAN, J. C. 2008. Culturas de Cobertura e sua Influência na Fertilidade do solo sob sistema de Plantio Direto. Biosci. J., Uberlândia, v. 24, n. 4, p. 20-31, Oct./Dec.

​

MENDES, L. G. Adubação verde e Culturas de cobertura: Como fazer?. 2018. Disponível em: <https://blog.aegro.com.br/o-que-e-adubacao-verde/>. [Acessado em 15 out. 2018].

​

PACHECO, L.P.; MONTEIRO, M.M. de S.; SILVA, R.F. da; SOARES, L. dos S.; FONSECA, W.L.; NÓBREGA, J.C.A.; PETTER, F.A.; ALCÂNTARA NETO, F. de; OSAJIMA, J.A. 2013. Produção de fitomassa e acúmulo de nutrientes por plantas de cobertura no Cerrado piauiense. Bragantia, v.72, p.237-246. DOI: 10.1590/brag.2013.041.

​

SEWELL, A. H. M. 2010. Sobressemeadura aérea. Disponível em: <https://www.scotconsultoria.com.br/imprimir/noticias/21805> [Acessado em 16 out. 2018].

​

Redigido por: Leonardo Santos Domingues