Considerada a principal commoditie agrícola brasileira, a soja (Glycine max) teve um total aproximado de 114,8 milhões de toneladas produzidos na safra 2018/2019 em uma área de 35,8 milhões de hectares, segundo a CONAB. Estes números fazem do Brasil o segundo maior produtor do grão, ficando atrás apenas da produção norte-americana. Tamanha importância econômica da leguminosas requer adoção de medidas em conjunto por parte de produtores afim da manutenção da produtividade. A principal medida, estabelecida por lei em 2005, é o vazio sanitário da soja, afim de diminuir a incidência do fungo Phakopsora pachyrhizi, agente causador da ferrugem-asiática, considerada atualmente a doença mais importante da cultura da soja.

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A ferrugem-asiática chegou ao Brasil em 2001, e desde então vem sinalizando que, na ausência de tratamento adequado, a perda de produtividade pode chegar a 90% (SINCLAIR e HARTMAN, 1999; YORINORI et al., 2005). Além dos danos severos, a fácil dispersão dos uredósporos pelo vento e as condições ambientais requisitadas pelo fungo, como temperatura ótima de 16°C a 28°C e molhamento foliar de no mínimo 6 horas (Rupe, J. and L. Sconyers., 2008), são fatores responsáveis por tornar a doença um problema tão relevante para a sojicultura em clima tropical, como no Brasil.

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 Visto isso, na busca de estratégias para o manejo, foi proposto o estabelecimento do vazio sanitário nos estados brasileiros produtores de soja, por um período de no mínimo 60 dias no qual não poderiam haver plantas de soja vivas no campo, seja plantas voluntárias ou involuntária ( tigueras vindo da safra anterior ou não recolhidos pela colhedora). A medida foi adotada no Brasil por 13 estados (Tocantins, Pará, Rondônia, Maranhão, Bahia, Piauí, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina) e pelo Distrito Federal, e na maioria deles é estabelecido um período de 90 dias, como garantia extra. A calendarização varia entre os estados por conta das diferentes datas de semeadura.

 

Objetiva-se com o estabelecimento do vazio sanitário a quebra do ciclo da doença, minimizando a sobrevivência do fungo causador na entressafra. Isso é possível devido ao caráter biotrófico do Phakopsora pachyrhizi, que obtém alimento de células vivas de hospedeiros suscetíveis, como é o caso da soja, justificando assim a necessidade de erradicação das plantas voluntárias, que mesmo em pequenas quantidades podem auxiliar a persistência do fungo nas áreas. O descumprimento da medida pode resultar em multa ao produtor.

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Por fim, promovendo a quebra de ciclo, atrasa-se a chegada da doença na safra, reduzindo o risco de perda de produtividade e a diminuição da quantidade de aplicações de fungicidas necessárias, algo vantajoso financeiramente para o sojicultutor. Além disso, o menor número de aplicações durante o cultivo pode preservar a eficiência dos produtos a longo prazo, diminuindo a pressão de seleção e retardando a predominância das linhagens resistentes na população, como já constatada pela Embrapa.

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Referências:

Rupe, J. and L. Sconyers. 2008. Ferrugem asiática da soja, Ferrugem da soja. Portuguese translation by Rubens Cherubini Alves and Emerson M. Del Ponte, 2008.

Soja em números (Safra 2018/19). Embrapa. Disponível em: https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos   Acesso em 27/08/2019

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Brasil pode liderar produção de soja 2019/20 com safra de 122,8 mi t, aponta pesquisa. Reuters. Disponível em: https://br.reuters.com/article/topNews/idBRKCN1UW287-OBRTP             Acesso em 27/08/2019

 

Vazio sanitário e calendarização da semeadura da soja. Embrapa. Disponível em:                   https://www.embrapa.br/soja/ferrugem/vaziosanitariocalendarizacaosemeadura Acesso em 27/08/2019

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A importância do vazio sanitário. Pioneer sementes. Disponível em: http://www.pioneersementes.com.br/blog/56/a-importancia-do-vazio-sanitario Acesso em 27/08/2019

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Vazio sanitário da soja gera benefícios para sojicultores. Embrapa.     Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/24473823/vazio-sanitario-da-soja-gera-beneficios-para-sojicultores Acesso em 27/08/2019

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Redigido por: Matheus Antonio Feitosa de Castro