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Informativo GEA

Posicionamento de adubos fosfatados
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INTRODUÇÃO

           O fósforo é compreendido como parte dos macronutrientes, sendo este de suma importância para o desenvolvimento vegetal. Suas funções são variadas, como a presença nos fosfolipídeos que compõem a membrana plasmática, nos nucleotídeos que são a base do material genético, e também na síntese de NADP, ADP e ATP, molécula energética dos seres-vivos.

        Com os avanços na fronteira ao Cerrado, muitas dificuldades vêm sendo enfrentadas ao falar-se sobre manejo de solos, e um dos temas mais importantes entre eles é o fósforo, sua disponibilidade em solos ácidos é muito baixa, levando a uma imprescindível prática de adubação fosfatada. (SOUSA et al., 2004).

         FONTES

        As fontes de fósforo também podem ser classificadas quanto à solubilidade, sendo solúveis em ÁGUA e CNA (MAP, DAP, superfosfato triplo e simples), ou solúvel em ácido cítrico (fosfatos naturais e termofosfatos). (IN No 39/2018.)

      Quando falamos em adubação fosfatada, tende-se a utilizar fontes mais solúveis pela rápida liberação no solo, porém com maiores perdas.

          Fontes pouco solúveis levam mais tempo para disponibilizar P para o solo, o que lhes confere maior eficiência, já que o P tenderá a ser menos adsorvido ou fixado, sendo estas fontes mais indicadas para fosfatagem (correção dos teores de P no solo, pré plantio). (Novais e Smith, 1999).

Figura 1: Características de diferentes fontes

Fonte: Adaptado de Barros et al, 2007.

Fósforo no solo

      Tratando-se de posicionamento de adubos fosfatados pré-plantio, o objetivo será o solo, um ambiente desafiador para o nutriente, uma vez que este apresenta características que dificultam sua disponibilidade para as plantas. Neste sentido, o fósforo pode estar no solo de três maneiras: Fósforo na solução do solo, sendo este o disponível para a plantas; Fósforo lábil, sendo aquele que está retido no solo, mas equilibra-se com os teores da solução de forma rápida; e o Fósforo não lábil, que está retido nos colóides e passa para a solução muito lentamente, devido ao intemperismo. Fox e Searle (1978) indicaram que o processo de adsorção pode acontecer preferencialmente, segundo uma ordem de predomínio dos minerais de argilas 2:1, seguido pelas argilas 1:1 e óxidos de Fe e Al. A adsorção de fosfato pelos solos é influenciada pelos minerais que apresentam grupamentos superficiais Fe-OH e Al-OH, nos quais o fosfato pode ser adsorvido por meio de troca de ligantes com o estabelecimento de ligações covalentes (Mesquita Filho e Torrent, 1993).

       O pH é um fator determinante na fixação de P no solo. Para cada faixa de pH, os íons deste elemento estarão em diferentes formas.

Figura 2: Variação da fração molar com o pH do meio 

 

Fonte: Adaptado de Boletim 100, 2022.

        De acordo com o gráfico acima, podemos denotar os teores de cada forma do íon fosfato para determinadas faixas de pH. Desta forma, o H3PO4- mostra-se mais expressivo com pH variando entre 1 e 2; Já o H2PO4-, em pH variando entre 3 e 7 (neutro); HPO4- mais presente com pH entre 7 a 12, e o H(PO4)3- em pH acima de 12.

           Como citado, os solos brasileiros são predominantemente ácidos (pH próximo a 5,5), a forma mais comum de íons fosfato é o H2PO4-. Nestes solos, a forma mais comum do fósforo se fixar é pela reação destes íons H2PO4- com íons dissolvidos de Fe3+ e Al3+. Esta reação forma um precipitado insolúvel na forma de hidróxido fosfato, que não está disponível para as plantas em uma ampla faixa de pH. Já no solo alcalino, o fósforo é fixado principalmente por cálcio (apatita Ca5(PO4)3)P na forma de íons H2PO4-, em pH acima de 6,5, com pico fixo em pH 8. Esse fenômeno ocorre devido à alta interação que o fósforo possui com esses elementos e também com a faixa de pH em que os mesmos se encontram em maiores concentrações no solo. (Weil, 2013).

         O fósforo, em sua maior parte, é dividido em três grupos principais: fósforo inorgânico ligado ao ferro ou ao alumínio (em solos ácidos), fósforo inorgânico ligado ao cálcio (em solos alcalinos) e fósforo orgânico. (Brady & Weil, 2013).

Figura 3:

Fonte:Adaptado de SQM vitas, 2020.

          O fósforo, quando citamos sinergismos e antagonismos, precisamos nos preocupar com o alto teor do mesmo no solo, pois possui uma relação inversamente proporcional com o zinco - a adição de fósforo em solos com deficiência de zinco pode diminuir o transporte de zinco para a parte aérea. (Loneragan, 1988). Além desse antagonismo, vem sendo observado que altas doses de nutrientes, principalmente fósforo e potássio, podem determinar crescimento vegetativo demasiado, favorecendo o acamamento.

 

POSICIONAMENTO DE ADUBOS FOSFATADOS EM PRÉ-PLANTIO

           Uma das maneiras de se manejar os adubos fosfatados é no sulco de plantio, possuindo vantagens e desvantagens. Essa forma de adubação é feita visando um alto fornecimento de fósforo nos primeiros estádios fenológicos da cultura, consequentemente havendo maior desenvolvimento da planta. Porém, ao fazer uma adubação apenas na linha de plantio, há maior perda de fósforo para o solo, pois ele tende-se a se aderir aos hidróxidos de ferro e alumínio, e também uma concentração excessiva de raíz no sulco, resultando em um menor aproveitamento dos nutrientes no solo e também diminuição na disponibilidade de água para planta. (Pavinato, 2013).

          Tratando-se de fosfatagem, na modalidade a lanço, o fósforo será, então, depositado sobre todo o solo, construindo uma uniformidade dos teores no talhão; no entanto, devido a sua mínima mobilidade no solo, o P não será capaz de se deslocar até as plantas, sendo esta uma desvantagem desta modalidade de aplicação. Com o desenvolvimento do sistema radicular das plantas para além da linha de plantio, atingindo a região da entrelinha, a aplicação a lanço garante que as raízes encontrem bons teores de P nestes locais (diferentemente da aplicação em sulco), sendo esta a principal vantagem do método. Além desses fatores, a planta consegue ter maior disponibilidade de outros nutrientes, de água, e também maior resistência a pragas e veranicos. Vale ressaltar que a prática de fosfatagem não é feita apenas visando um alto fornecimento imediato de fósforo para o solo, e sim um preparo desse solo ao longo dos anos para uma melhor incorporação do nutriente, pois além do fósforo ser altamente indisponível, possui uma mobilidade praticamente inexistente - cerca de 1 cm por ano. (Pavinato, 2013).

 

           Alguns critérios devem ser satisfeitos para se realizar uma adubação de P a lanço, como:

          ●  Perfil de solo bem construído, que assegurará um ambiente propício para o desenvolvimento do sistema radicular.

          ●  Disponibilidade de P no perfil acima do nível crítico, sendo para solos argilosos o valor de 12 mg/dm3 (P Mehlich), e 25mg/dm3 (P Mehlich) para solos arenosos.

          ●  Relevo plano, favorecendo a entrada do maquinário e garantindo a boa distribuição do adubo.

          ●  Teor de argila no solo e médias pluviométricas, a fim de minimizar a lixiviação do nutriente.

          ●  Níveis de MOs, que promovem maior disponibilidade de P.

          ●  Volume de palhada sobre o solo, que concentra os teores de P na superfície, com ênfase na camada 0-5cm.


           Adubações no sulco substituídas por aplicações superficiais a lanço (sem incorporação) possuem maior rendimento operacional nas janelas de semeadura, por isso tem sido adotado em larga escala pelos agricultores, em especial no Cerrado. (Resende, 2014).

           A adubação de manutenção deve ser feita anualmente. A adubação de reposição será adotada quando os teores de nutrientes no solo estiverem acima do nível crítico. Assim, essa adubação irá repor os nutrientes extraídos pela planta e, ao mesmo tempo, manter os teores do solo sempre elevados.

 

Figura 4: Rendimento relativo comparado com o teor do nutriente no solo

 

 

Fonte: extraído de CQFS-RS/SC (2004), a partir de Gianello & Wiethölter, 2004.

       

           Em locais que possuem teores de P acima do nível crítico (20 mg/dm3 em P resina), o posicionamento está sendo de realizar adubação de manutenção, repondo o fósforo extraído pela cultura no solo, seja ele a lanço ou em sulco de plantio.

           Em alguns cenários, é possível reduzir ou retirar a aplicação de fósforo pré-plantio, como por exemplo em teores muito maiores que o nível crítico (2 ou 3 vezes o valor do nível crítico) - em caso de uma superdosagem na aplicação pode acarretar em um antagonismo com o zinco, como citado anteriormente. Além disso, áreas em que o acamamento é notável ao longo das safras e acarretam prejuízos, ou em áreas com alto teor de P, atingindo até 3 vezes o nível crítico - resultando em acamamento - a aplicação de fósforo também pode ser reduzida. Outro fator muito importante na decisão de reduzir a aplicação seria a cultura plantada na sua área, pois se for uma cultura que responde muito bem ao fósforo, como o milho, pode-se pensar em diminuir sua dose de fósforo. Em relação a doenças, pode-se citar a podridão radicular da soja, causada pelo oomiceto Phytophthora sojae, que causa lesões nas raízes da cultura, prejudicando a absorção de P pelas plantas.

Figura 5: Modos de aplicação de fósforo

Fonte: Fundação MT, 2014

         Analisando a tabela acima que compara as duas modalidades de aplicação em um solo argiloso, onde ocorre maior fixação de P, denotamos maior eficiência para aplicação a lanço em área total.

Vale ressaltar que principalmente na implantação inicial de culturas, a aplicação a lanço não dispensa a realizada na linha de plantio, sendo uma complementar a outra, e a implementação de ambas garantindo os maiores índices de produtividade. Porém em áreas com culturas antigas e com a prática de Sistema de Plantio Direto mantendo a palhada, a adubação a lanço pode ganhar em produtividade do que a utilização da aplicação em linha. Em um estudo sobre os Efeito de sistemas de manejo sobre o fósforo e o potássio em latossolo vermelho amarelo do sudeste paraense, foi ressaltado a conclusão: O menor revolvimento do solo quando se emprega o plantio direto, modifica a distribuição do fósforo nas maiores profundidades (Silveira e Stone, 2003). Convém salientar, que com o não revolvimento do solo no SPD, na camada de 0-5 cm, ocorreram os maiores conteúdos de P disponíveis para as plantas.

         As fontes utilizadas possuem baixa solubilidade, o que lhes confere maior efeito residual no solo, pela lenta liberação do mesmo, e menores índices de perdas para fixação de P no solo.

           As fontes de P mais utilizadas são:

●  Fosfato Natural Reativo (29% P2O5)

●  Termofosfato Magnesiano (18% P2O5)

●  Fósforo Orgânico (Torta de Filtro)

●  Fósforo Organo-mineral (Composto: torta de filtro + cinza + P mineral ou torta de filtro + cinza + cama de frango).

 

           Em experimento realizado por Gleber Rodrigo Mancin, orientado pelo Prof. Dr. Pedro Henrique de Cerqueira Luz, na cidade de São João da Boa Vista - SP, podemos concluir não só o incremento de produtividade na cultura da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), mas também comparar a eficiência das fontes de fósforo no posicionamento do adubo pré-plantio.

Figura 6: Resultados de experimentos 

Fonte: Gleber Rodrigo Mancin, 2018.

Para a produtividade, houve resposta para a fosfatagem, não tendo para

a adubação no sulco. O melhor resultado encontrado foi com aplicação de Termofosfato magnesiano (Optein) em área total (fosfatagem), resultando em um acréscimo na produtividade de 27,41 ton ha-1 (aumento de 45,87%), seguido de fosfatagem com Super Triplo, resultando acréscimo de 22,02 ton ha-1 (36,85%) comparado à área sem aplicação de fósforo (Controle). Na interação da fosfatagem com as adubações no sulco, a fosfatagem com Termofosfato proporcionou melhores resultados.


CONCLUSÃO

O fósforo é um dos macronutrientes de maior importância, sendo seu aporte indispensável para o desenvolvimento vegetal, pelas diversas funções exercidas pelo mesmo. Sua dinâmica no solo ressalta a atenção a este elemento, devido a sua característica de ficar altamente sorvido ou fixado.

Conclui-se, por meio dos experimentos realizados, a capacidade de incremento de produtividade quando realizada a adubação com fósforo em área total e em pré-plantio; a atenção também deve ser direcionada para qual fonte será utilizada, performando melhor fontes de menor solubilidade.

REFERÊNCIAS
MANCIN, Gleber Rodrigo. Manejo de modos e fontes de fósforo na produção e qualidade da cana planta (Saccharum spp.). 2018. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2018. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/74/74131/tde-25052018-152500/. Acesso em: 06 set. 2024.

SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E.; REIN, T. A. Recomendação de adubação fosfatada com base na capacidade tampão de fósforo para a região do Cerrado. Reunião Brasileira de Solo e Nutrição de Plantas, v. 27, 2006.

SILVA, Maria Ligia de Souza. Sistema de amostragem do solo e avaliação da disponibilidade de fósforo na fase de implantação do plantio direto. 2003. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11140/tde-24022003-170829/. Acesso em: 06 set. 2024.

PEREIRA, H. Fósforo e potássio exigem manejos diferenciados. Visão agrícola no9, 2009. Disponível em: https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA9-Fertilidade04.pdf .

VITAS, Sqm. Mobilidade dos Nutrientes: mobilidade dos nutrientes. Disponível em: https://sqm-vitas.com.br/nutricao/mobilidade-dos-nutrientes/#:~:text=Nas%20p lant as%20a%20mobilidade%20dos,das%20ra%C3%ADzes%20at%C3%A9%20a s%2 0folhas.

 

EMBRAPA. Efeito de sistemas de manejo sobre o fósforo e o potássio em
latossolo vermelho amarelo do sudeste paraense. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/83967/1/trab-3134-2203. pdf.

Redigido por:
Gustavo de Britto - Marú-ki

Henrique Mourani - Tombadu

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